Nota 10

Pesquisa de alunas do Ifap é premiada e contribui para solução de feminicídios

O trabalho, que propõe a caracterização de solos como método forense para a investigação de feminicídios, também obteve credenciais para participação na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace)


 

Um projeto inovador desenvolvido por estudantes do Campus Macapá do Instituto Federal do Amapá (Ifap) em parceria com a Polícia Científica do Estado do Amapá (Politec) e o Campus Corumbá do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, sob orientação das professoras Lídia Dely Alves de Sousa e Rosinete Cardoso Ferreira, destacou-se ao receber prêmios em quatro categorias na Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic): Rigor Científico, Melhor Projeto da Região Norte do Brasil, Prêmio Maria Laura Mouzinho Leite Lopes (incentivando meninas na ciência) e o Prêmio Ibic de Excelência em Iniciação Científica.

 

O trabalho, que propõe a caracterização de solos como método forense para a investigação de feminicídios, também obteve credenciais para participação na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). As estudantes envolvidas no projeto são Alicia Luizzi de Oliveira Pastana, Maria Yohane de Carvalho Pereira, Ana Clara Dias da Silva, Vandressa Moura Cardoso e Náthally Vitória Lima Rodrigues, todas as alunas do curso Técnico de Mineração do Campus Macapá do Ifap.

 

A pesquisa surgiu motivada pela baixa taxa de solução de homicídios no Brasil, onde apenas 8% dos casos são resolvidos, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodoc, do inglês United Nations Office on Drugs and Crime), em contraste com os 65% dos crimes solucionados nos Estados Unidos, por exemplo. O estudo visa preencher lacunas importantes em investigações de feminicídios, em que as evidências materiais são frequentemente insuficientes ou comprometidas.

 

A metodologia envolveu a simulação de um feminicídio envolvendo dois lugares: o areal da orla do Distrito de Fazendinha e a orla de Macapá, nas proximidades ao Trapiche Eliezer Levy. As estudantes construíram e vestiram uma boneca, simulando o biotipo de uma mulher adulta, que foi utilizada para representar a vítima.

 

Então, simularam um crime ocorrido no Distrito da Fazendinha, cujo corpo teria sido encontrado em um local diferente: na orla em frente à cidade de Macapá.

 

Amostras de solo foram coletadas nos dois ambientes e das roupas da “vítima”, sendo posteriormente submetidas a análises químicas e granulométricas por técnicas como a fluorescência de raios-X. As variações encontradas nos elementos químicos e no tamanho das partículas de solo foram fundamentais para associar os vestígios ao local do crime.

 

Reconhecimento científico e impacto da pesquisa

Além do reconhecimento acadêmico, o trabalho recebeu elogios da coordenação da Febic. Jean Facchini, coordenador da feira, destacou o impacto do projeto: “A Febic parabeniza as alunas e orientadoras do Campus Macapá do Ifap pelo excelente projeto ‘Caracterização de solos em locais de crime no Amapá’, apresentado no evento e premiado em quatro categorias: É raro que um mesmo projeto alcance tais feitos, especialmente quando lembramos que este projeto foi premiado concorrendo com outros 365 finalistas”.

 

Para uma das autoras, a aluna Vandressa Moura, foi  “uma honra fazer parte desse projeto tão promissor, que com certeza vai fazer a diferença na ciência forense e na resolução de casos de feminicídio. As premiações são incentivos para nós, estudantes, que trabalhamos duro para a realização desse projeto”.

 

 

A jovem pesquisadora Alicia de Oliveira avalia que “participar da Febic já foi uma experiência incrível e voltar para casa premiadas foi melhor ainda! Nada disso seria possível sem a nossa dedicação ao trabalho, sem os profissionais incríveis que nos orientam no Instituto e sem o investimento do Ifap, que acreditou em nós e nos apoiou durante todo o processo”.

 

 

Já a estudante Maria Yohane de Carvalho destacou que, além dos prêmios, a importância do trabalho reside em sua contribuição para que, “em um país com grandes desafios na área de segurança pública, o uso de técnicas avançadas de análise de solo fortalece as investigações, aumentando as chances de solucionar casos. A ciência forense aplicada ao solo representa, assim, um avanço significativo no combate à criminalidade”.

 

 

Coorientadora da pesquisa, a professora Rosinete Cardoso diz que “a participação de estudantes em feiras de ciências desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de habilidades críticas, criatividade e compreensão científica. Esses eventos proporcionam uma oportunidade prática para nossas estudantes explorarem seus conhecimentos de maneira colaborativa. Este projeto despertou nas estudantes um olhar para a temática feminicídio e avançou para discutir métodos e técnicas de caracterização de solos, tema atrelado ao curso que atuam, que é o curso técnico de nível médio de Mineração”.

 

 

Resultados promissores para investigações forenses

A pesquisa revelou que os solos da Fazendinha, com características arenosas, e os da orla de Macapá, com solo argiloso, apresentaram variações significativas. Essas diferenças poderão ser usadas como evidências em futuras investigações criminais, comprovando a eficácia dos métodos aplicados. A professora Lídia Dely Alves de Sousa destacou: “O método tem grande potencial para análise forense de solos em casos futuros, com a implementação de técnicas mais eficazes e econômicas”.

 

Essa síntese reflete a importância e o reconhecimento do projeto tanto no meio acadêmico quanto no campo das investigações forenses, oferecendo uma contribuição relevante para a ciência e a justiça.

 


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