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Fernando, companheiro de sonhos e utopias literárias

  Paulo Tarso Barros*   Ao longo da vida – que não é uma estrada tranquila e cheia de rosas e flores perfumadas–, vamos caminhando e encontrando as pessoas. Muitas pessoas. A maioria desaparece como aquelas nuvens esparsas e nós nunca mais as visualizamos. Outras, bem poucas, caminham conosco, às vezes pela vida inteira. Assim […]


 

Paulo Tarso Barros*

 

Ao longo da vida – que não é uma estrada tranquila e cheia de rosas e flores perfumadas–, vamos caminhando e encontrando as pessoas. Muitas pessoas. A maioria desaparece como aquelas nuvens esparsas e nós nunca mais as visualizamos. Outras, bem poucas, caminham conosco, às vezes pela vida inteira. Assim foi meu Amigo Fernando Pimentel Canto, meu Confrade e companheiro dos sonhos e utopias literárias que acalentamos nos nossos livros, poemas – e ele também na música e nas pesquisas culturais que tanto o fascinavam e servem de referência a quem deseja conhecer o Amapá e sua rica diversidade cultural.

 

Fernando era um homem de cultura, sensível como todo excelente poeta, e tinha uma percepção abrangente sobre a história do Amapá e a magnitude do universo amazônico que ele estudou com interesse e defendia com ardor quando alguém queria criticar de maneira depreciativa. Foi o primeiro intelectual que me apoiou nos anos 80 quando publiquei meu livro número um, escrevendo o parecer no Conselho Territorial de Cultura e falando durante o lançamento ao lado de Alcy Araújo, Isnard Lima e Obdias Araújo.

 

Acompanhei junto com nossos confrades sua agonia final, sofrendo com ele e seus familiares, apreensivos, mas sempre cultivando a esperança de sua recuperação, orando ao Pai Eterno que o mantivesse conosco, pois tinha muito a contribuir com a cultura e estar junto aos seus familiares, sua amada esposa Sônia Canto e de uns tempos pra cá os seus netos, que ele sempre falava com alegria. Não é fácil receber a notícia de sua morte, ocorrida no Dia Nacional do Livro, quando o país comemora a fundação da Biblioteca Nacional nos idos de 1810.

 

Fernando amava Macapá, o rio Amazonas, o bairro do Laguinho e a sua Escola de Samba, o batuque e o marabaixo e as belezas exuberantes deste recanto belíssimo da Amazônia Brasileira, que ele exaltou e cantou em versos e prosas através de sua vasta obra literária e das letras de músicas que escreveu e foram imortalizadas pelo Grupo Pilão (que ele foi um dos criadores) e por parceiros como Osmar Júnior, Zé Miguel, Amadeu Cavalcante e tantos outros artistas.

 

Fernando parte ocupando o cargo de presidente da Academia Amapaense de Letras, entidade que ele fazia parte desde 1989, e como vice-presidente da Academia Maçônica (da qual já foi presidente também um dos fundadores), honrarias que ele recebeu de seus amigos e confrades que tanto o admiravam e confiavam.

 

Hoje, para mim, é um dia triste e sombrio, pois perco uma das minhas maiores referências literárias e uma pessoa a quem eu devotava enorme afeto e carinho, mas tendo a certeza de que sua obra vai continuar entre nós de maneira indelével. Sua lembrança ficará muito bem acalentada em minha memória e no meu coração.

 

(Paulo Tarso Barros – Escritor e Secretário da Academia Amapaense de Letras)

 

 


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