Policial penal preso apresentava padrão de vida incompatível com seus ganhos, diz delegado do caso
Veículos e equipamentos apreendidos na casa do agente, de acordo com levantamentos, estão avaliados em mais de R$ 250 mil
Elen Costa
Da Redação
Em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira, 12, o delegado César Ávila, responsável pela investigação que culminou com a prisão do policial penal Jonatas Marques de Lima, disse que o padrão de vida que o agente levava era incompatível com o ganho salarial dele.
Após flagrar Jonatas tentando entrar com telefones celulares e drogas na penitenciária, na tarde desta segunda-feira, 11, a polícia apreendeu bens avaliados em mais de R$ 250 mil na casa do servidor público.
“Só em veículos, ele fez investimentos em torno de 150 mil reais, inclusive adquiriu uma motocicleta, recentemente. Encontramos também vários capacetes de valores significativos que, segundo ele próprio, ultrapassa 100 mil reais”.
“Todos esses objetos acreditamos ser frutos das ações delituosas. Por isso, estamos investigando para saber se foram adquiridos com recursos provenientes desse crime”, detalhou o delegado.
Entre os bens apreendidos estão duas motos, uma estava em oficina, e um carro modelo HB20 que, de acordo com os levantamentos policiais, Jonatas usava para transportar o material ilícito até à penitenciária.
Jonatas Marques é da turma de 2022. Para Ávila, com o pouco tempo na carreira, fica claro que o policial, que não tinha outra fonte de renda, estava envolvido diretamente com coisas ilícitas.
“São apenas dois anos de serviço público, ele não tem um ganho salarial significativo. Deve receber uma média de R$ 2,5 mil líquidos e, só de carro alugado, em um mês, gastou R$ 5 mil. O mais interessante, é que realizava o pagamento em dinheiro vivo, uma forma de não vincular esses veículos a ele”, disse a autoridade policial, que acredita que o servidor público se corrompeu após ser admitido. “Não temos nenhum elemento que aponte que a facção investiu nele, antes, para que depois do ingresso pudesse atuar”.
As investigações irão continuar. Agora, a polícia quer saber se Jonatas agia sozinho ou se teve ajuda de outros policiais.
“O que dá a entender, é que ele [Jonatas] participava de um esquema que envolve outros servidores, mas. ele afirma de forma categórica que ‘trabalhava’ sozinho”, destacou o coordenador das investigações.
Jonatas foi preso, em flagrante, pelos próprios colegas de serviço, ao tentar entrar no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) com os produtos ilícitos. Ele foi surpreendido ao passar pela revista da Unidade de Vigilância e Disciplina (UVD). Os dispositivos eletrônicos estavam na cintura do agente.
“Na data de ontem, ele foi para o almoço e, ao retornar, se dirigiu ao alojamento, pegou a mochila e foi ao banheiro. Quando saiu do banheiro; foi abordado devido ao volume anormal na cintura e acabou sendo flagrado com os celulares amarrados com fitas, que é umas estratégias usadas para passar os aparelhos sem serem identificados. Depois, acabou revelando que realmente iria repassar os telefones aos presos”, explicou César Ávila.
Em seguida, a equipe de serviço do Iapen revistou a mochila de Jonatas e encontrou mais celulares e drogas. Sem saída, ele revelou também que tinha dinheiro em espécie guardados em casa, oriundos dos crimes que ele vinha cometendo, e franqueou a ida da policia. No imóvel, foram encontrados R$ 95 mil.
“Ele era um canal, um dos meios usados pela organização criminosa para que alguns presos tivessem acesso a esse material, mas esse canal agora tá fechado”, garantiu o delegado.
Jonatas teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.
Adilson Galvão, corregedor penitenciário, explicou que foi instaurado um processo administrativo disciplinar para verificar as provas e os elementos de prova da conduta de Jonatas.
“Se confirmado que ele participou desse crime, ele sofrerá sanção que vai desde uma advertência à demissão. Nesse caso, como se trata de algo gravíssimo, acredito que as penalidades serão as maiores”, avaliou Galvão.
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