Cidades

Iaci Pelaes atenta para esclarecimentos acerca da exploração de petróleo no Amapá

Questões como distância da foz do rio Amazonas, possíveis problemas com maior fluxo de pessoas para regiões envolvidas e direcionamentos de royalties devem ser discutidas


 

Douglas Lima
Editor

 

Ainda repercutindo a propalada possiblidade de prospecção de petróleo na Margem Equatorial, o promotor de justiça e doutor em direito do petróleo, Iaci Pelaes, em entrevista ao programa Togas e Becas (Diário FM 90,9), neste sábado, 16, falou, entre outras coisas, da importância de esclarecimentos à população sobre a possível exploração de combustível fóssil no Amapá.

 

Entre os pontos abordados em sua fala, Iaci reforçou que a possível exploração não se dará na foz do rio Amazonas propriamente dita, e que deve ocorrer, de fato, a quinhentos quilômetros de distância. “Não está tão próximo do rio nem das comunidades indígenas; devemos trabalhar com a verdade científica, e não com a verdade construída”, atentou.

 

 

Outro dado apresentado foi o da alteração de alguns aspectos do edital para a exploração do petróleo, uma ação que Iaci chamou de “mudança de regras durante o jogo”, o que, segundo ele, prejudicou a imagem do Brasil, em nível internacional, e atrasou ainda mais a prospecção, obrigando a Petrobras a realizar um novo estudo na região acerca das áreas sedimentadas, o que não constava no edital publicado inicialmente.

 

Recentemente, outra questão foi levantada, o fato de o fluxo migratório se elevar com a possibilidade da exploração. Sobre o assunto, Iaci informou que os órgãos, em níveis federal e estadual, devem atuar, como o Ministério Público, fazendo um preparo nas regiões a serem afetadas, focando, principalmente, nos impactos dos serviços públicos, como educação e saúde.

 

“Um fluxo maior de pessoas gera demandas por matrículas nas escolas e na área da saúde, em postos e hospitais, fora a parte da assistência social. O MP precisa de um plano de atuação para não se surpreender com as grandes demandas. Até o valor das terras já aumentou, imagina com as instalações da Petrobras por lá”, previu promotor de justiça.

 

Royalties

Sobre a direção dos royalties gerados com a exploração do petróleo no país, Iaci informou que não há um regramento adequado que imponha aos prefeitos e governadores a obrigação de gastar em determinados setores. “Eles só não podem com despesas correntes, com pessoal. Isso é uma falha da legislação brasileira, a ser corrigida em nível estadual e também municipal”, falou.

 

Por fim, Iaci Pelaes declarou que a questão da exploração do petróleo na Margem Equatorial deve ser discutida não só por órgãos de defesa ambiental externos, mas que o debate também agregue setores competentes do Amapá, listando o Ministério Público, a OAB-AP, a Universidade Federal do Amapá, a Universidade do Estado e os institutos federais. “Esses são fundamentais para um debate qualificado”, constatou.

 


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