“Cozinhar é uma arte de fazer as pessoas felizes”, sintetiza Chef Flora
Detentora do Dólman, o maior prêmio da gastronomia brasileira, e o de Melhor Empreendedora do Norte do Brasil, ela não deixa a simplicidade fenomenal que a caracteriza como vitoriosa cabocla amapaense
Douglas Lima
Editor
“Eu já posso ir? Agradeço”.
Terminar uma entrevista de rádio, assim, é algo inusitado, como de alguém sempre disposto a servir. Ou seja, enquanto não for dispensado, fica ali, de prontidão.
Isso aconteceu na manhã desta terça-feira, 19, no programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Diário FM 90,9), no fim de entrevista concedida pela Chef Flora, a propósito do Dia do Empreendorismo Feminino, 19 de novembro.
Flora é de uma simplicidade fenomenal!
Detentora do Dólman, o maior prêmio da gastronomia brasileira, e o de Melhor Empreendedora do Norte do Brasil, e a sexta do país. Nem isso tudo tirou ou tira a humildade dessa cabocla amapaense que faz da cozinha o ambiente ideal de sua vida.
Flora foi às lagrimas, durante a entrevista.
Muito pobre, Floraci Dias veio do interior para morar de arrimo na casa de seu Olivaldo e dona Milca Serrano, na área central de Macapá.
Criança ainda, estudava no Colégio Industrial; ajudava o casal na limpeza doméstica, fazia compras na mercearia, e tinha um sonho que só o concretizou quando já moça: comer um sonho de valsa, o bombonzinho de chocolate.
Flora contou que ao cozinhar pela primeira vez, aos 11 anos de idade, foi a libertação de sua vida.
Dona Milca adoecera e a menina Floraci teve que enfrentar o fogão, para garantir o almoço da família. “A partir dali, minha vida começou a mudar”, lembrou.
Mais tarde, já na adolescência, conhecera Chiquinho, que foi seu esposo e pai de seus seis filhos.
Foram morar no Igarapé da Fortaleza, mesmo sem ter casa. Agasalhavam-se na residência dos pais dele.
Certa vez, ela teve a ideia de ganhar dinheiro para ajudar a família, e disse pra Chiquinho: “Me deixa vender camarão; o quê eu ganhar é pra comprar comida para os nossos filhos, e o quê tu ganhar é para construir a nossa casa”.
Acordo fechado, ela entrou no pequeno comércio camaroneiro; depois agregou o peixe, até que certa vez, num só dia, vendeu 80 quilos de pescado.
A comercialização de crustáceo e peixe cru foi ampliada com venda de peixe assado.
Aí começava o restaurante que há cerca de 25 a 30 anos Flora mantém no Igarapé da Fortaleza. Depois houve a expansão do negócio para o rio Matapi, onde ela tem outro lugar aprazível, referência da gastronomia amapaense e ponto turístico.
Com uma gratidão típica de quem reconhece que nunca se vence sozinho, a Chef Flora lembra da importância do casal Olivaldo e Milca Serrano, em sua vida, e dos primeiros admiradores de sua culinária e que se tornaram clientes perenes: Ladislao Monte, Dos Anjos, Luiz Melo, Bira da Sevel, Badu Picanço, Josué, Wagner Gomes, Roberto Rodrigues, Gervásio Oliveira…
“Esses foram meus incentivadores”, disse, sem um tiquinho de vaidade, mas com verdadeiro tom de agradecimento.
Mais proximamente, Chef Flora foi a Brasília especial e exclusivamente para satisfazer o desejo do então presidente Jair Bolsonaro, de repetir o sabor do tempero que provara em visita que fizera ao Amapá.
O convite surgiu por via indireta: Bolsonaro, em conversa com o então presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse que queria ganhar um presente do parlamentar.
Diante da pergunta inevitável, qual presente, presidente? O então Chefe da Nação disse: Traga a Flora pra cozinhar pra mim.
No programa LuizMeloEntrevista, Floraci disse que em seu restaurante, no Matapi, Jair Bolsonaro provara uma moqueca, mas no Palácio da Alvorada ela fez também costela de tambaqui, filhote e camarão pitu no bafo.
A vitoriosa Chef, sintetizando, com simplicidade, o caminho que se abriu para ela atuar na vida, num dos momentos mais emocionantes da entrevista, definiu: “Cozinhar é uma arte de fazer as pessoas felizes”.
Deixe seu comentário
Publicidade