Esportes

Alfabetizado após 2012, bicampeão agora quer trocar piscina por estudos

Alçado ao posto de celebridade depois de Londres, chinês Tao Zheng volta a quebrar o recorde mundial dos 100m costas


A vida de um atleta costuma mudar completamente depois de uma medalha de ouro com recorde mundial. Para Tao Zheng, campeão paralímpico em Londres 2012, a principal mudança foi a chance de aprender a ler. Na quinta-feira, primeiro dia da natação na Rio 2016, o chinês de 25 anos voltou a ser o melhor dentro d’água. Novamente ouro com recorde mundial (1m10s84) nos 100m costas da categoria S6. Ainda vai disputar mais uma prova no Brasil e, quando voltar à China, pretende encerrar a carreira. Quer terminar os estudos.

Tao Zheng perdeu os dois braços aos 7 anos de idade, depois de levar um choque elétrico. Foi preciso amputá-los. Tiraram dele também o acesso à Educação. Foram 13 anos sem estudar.

Em 2004, o então adolescente Tao não sabia ler. Começou a nadar, a competir na categoria S6, para atletas com deficiências físicas. Doze anos depois das primeiras pernadas, o ouro em Londres.

Ganhou a “Medalha 4 de Maio”, maior honraria concedida a jovens pelo governo chinês. Foi a três Mundiais, ganhou ouros e duas pratas.

– A vida mudou depois de Londres. Muita gente passou a saber meu nome. Depois de conquistar ouro e respeito, voltei à escola. Foi difícil depois de tanto tempo…

Voltar a estudar depois de tanto tempo não foi fácil mesmo. A começar pela dificuldade de encontrar uma escola com as devidas adaptações em Kunming, onde mora.

– Não serei nadador a vida inteira. Progredi muito nos últimos anos, estudei muito. Sei ler muitas palavras agora – conta o nadador, em entrevista à Rio 2016.

Se for apoiado pelo Comitê Chinês, Tao vai de fato largar o esporte. Quer terminar os estudos, arrumar uma namorada e um emprego. Mas antes disso, dá para vê-lo nadar os 50m borboleta da Rio 2016, nesta sexta-feira.

Depois de ganhar a primeira medalha na rio 2016, Tao, ainda no pódio, se abaixou. E se levantou em seguida. Ele queria ajeitar melhor o mascote Tom para exibi-lo melhor ao público.
– Trabalhei muito para chegar até aqui e bater recordes. Já bati dois. Quero mais.


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