Política Nacional

Primeira eleição sem financiamento de empresas levou para as ruas campanhas mais enxutas

Novo modelo, porém, colocou em evidência candidatos ricos como financiadores da própria campanha


De acordo com dados do Repositório de Dados Eleitorais, da Justiça Eleitoral, no Brasil, foram arrecadados mais de R$ 5,5 bilhões para as eleições de 2016 pelas novas regras. Destes, quase R$ 3 bilhões dos diretórios partidários e R$ 1,3 bilhão dos próprios candidatos.

Os panfletos e os cartazes são cada vez mais raros. O que se vê nas ruas são campanhas enxutas em todo o país. Afinal, a ordem é economizar!

A minirreforma eleitoral proibiu a doação de pessoas jurídicas que, tradicionalmente, sempre foram as grandes financiadoras das disputas. Cabe aos partidos e as pessoas físicas arcarem com os custos.

Um eleitor comum pode doar até 10% de sua renda, mas candidatos estão submetidos a outra regra. Eles podem gastar até 50% de todo o patrimônio na própria campanha.

Para o cientista político e diretor nacional do Movimento Voto Consciente Humberto Dantas, as novas regras mantiveram a desigualdade de condições na disputa eleitoral.

As novas regras colocaram em evidência outros protagonistas: os candidatos ricos. Empreiteiras e bancos perderam a vez.

Nesta eleição, os interessados no poder têm tirado do próprio bolso para disputar uma vaga. Muitos ainda ajudam a custear as campanhas de vereadores e de aliados. Se desconsiderarmos os recursos do fundo partidário repassados às candidaturas, eles lideram as doações eleitorais pelo país.

Os principais exemplos são do empresário Vittorio Medioli, do PHS, que disputa à prefeitura de Betim, em Minas Gerais. Para vencer o pleito, ele já colocou ao menos R$ 4 milhões na campanha. O segundo maior doador da própria campanha é o empresário João Doria, do PSDB. O candidato a prefeito da Capital Paulista destinou cerca de R$ 3 milhões. E ainda tirou quase R$ 1 milhão do bolso para doar para outros partidos e candidatos.

O coordenador estadual de São Paulo do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral Marlon Lelis de Oliveira defende que a mudança vai incentivar um novo formato de campanha com menos recursos e mais conteúdo.

Com a proibição das doações eleitorais de empresas, a expectativa era que pessoas físicas estivessem no centro das campanhas. No entanto, a participação desse tipo de doador ficou abaixo dos recursos captados pelas equipes.


Deixe seu comentário


Publicidade