A paciência
Ao contrário, os impacientes se irritam quando as coisas não se desenrolam como previsto, especialmente quando sofrem algum atraso em suas atividades, profissionais ou outras.
Raul Tabajara
Articulista
Como todas as virtudes inerentes à alma humana, a paciência contribui para o nosso bem-estar e facilita nossas relações com os outros. Por isso pessoas pacientes são ao mesmo tempo uma boa companhia para si mesmas e para os outros. Sabendo perfeitamente que a vida é feita de imprevistos que retardam algumas consecuções ou geram contratempos que independem de sua vontade pessoal, elas sabem esperar e se adaptar às circunstâncias, o que constitui uma forma de autodomínio.
Ao contrário, os impacientes se irritam quando as coisas não se desenrolam como previsto, especialmente quando sofrem algum atraso em suas atividades, profissionais ou outras. Assim agindo eles perturbam inutilmente sua harmonia interior e se colocam num estado mental e emocional negativo, o que quase sempre atrai para eles uma série de desgostos.
A paciência está seguramente ligada à importância que cada um dá ao tempo. A partir do momento em que faz dele um elemento fundamental de sua vida, a pessoa só pode mesmo sentir-se perdida quando não mais o domina. Por extensão, a impaciência se manifesta quando se tem a sensação de “perder tempo”, quer esta sensação tenha fundamento ou não.
À ideia de ter de esperar ou de não poder fazer o que havia previsto num dado momento, o impaciente se exaspera, se estressa e, muitas vezes, torna-se desagradável para com os que o cercam. Em vez de se adaptar às circunstâncias e aceitá-las filosoficamente, ele as rejeita e se lhes opõe, criando com elas uma relação conflituosa da qual não pode sair vencedor.
Posto que a paciência é uma virtude da alma, a impaciência é por oposição uma fraqueza do ego, isto é, do nosso Eu objetivo, como aliás é o caso de todos os defeitos da natureza humana. Para sermos mais exatos, ela revela incapacidade para viver o momento presente, principalmente quando este é desagradável. Portanto, ser paciente é fazer abstração do futuro, especialmente quando o fato de pensar no futuro suscita em nós desgostos ou ideias negativas em relação à situação presente. Em outras palavras, é sermos capazes de transmutar uma espera em um estado de consciência em que não tenhamos a sensação de nos aborrecermos ou de “perdermos tempo”. Como? Esquecendo todas as razões que poderiam justificar nossa impaciência e nos concentrando, a despeito de tudo, em pensamentos positivos e construtivos.
Em última análise, há tantas razões para nos mostrarmos pacientes quantas circunstâncias em que somos obrigados a esperar ou enfrentar contratempos. Seja como for, a impaciência nada resolve, já pelo fato de que não pode reduzir as horas, os dias, as semanas, os meses ou os anos. Ao contrário, ela mostra nossa incapacidade para dominar o tempo ou, mais exatamente, a compreensão objetiva que dele temos.
Assim, em vez de nos impacientarmos inutilmente, devemos extrair da nossa vontade a força para aproveitarmos essa espera ou esse contratempo para refletir sobre coisas positivas ou até para meditar sobre temas filosóficos. Em segundo lugar, é verdade que “Quem espera sempre alcança”. Seja no plano material ou no espiritual, precisamos portanto confiar na Divina Providência e partir do princípio de que tudo chega a seu tempo, no momento em que estamos prontos para tirar das coisas as lições mais úteis à nossa evolução interior.
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