‘Não desejo isso para ninguém’, diz Calero sobre pressão de Geddel
Calero pediu demissão do Ministério da Cultura na sexta, (18) e será substituído pelo deputado Roberto Freire (PPS-SP). Ao G1, Geddel negou as acusações e disse não saber o motivo das agressões.
O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, reiterou que o principal motivo para sua saída da Esplanada dos Ministérios foi a pressão que sofreu do titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Marcelo Calero, que falou a artistas em evento organizado pela Associação de Produtores de Teatro, em Botafogo, reafirmou que Lima o procurou mais de uma vez para que um empreendimento imobiliário em Salvador, Bahia, fosse autorizado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Calero pediu demissão do Ministério da Cultura na sexta, (18) e será substituído pelo deputado Roberto Freire (PPS-SP). Ao G1, Geddel negou as acusações e disse não saber o motivo das agressões.
“Não desejo isso pra ninguém. Estar diante de uma pressão política, diante de um caso claro de corrupção. Venho aqui de cabeça erguida e peito aberto. Desde o primeiro momento eu fui muito claro, que nada fora do script, do roteiro, iria acontecer. Nem que isso custasse eu sair do ministério. Tenho uma responsabilidade com as pessoas em nome de um projeto”, ressaltou o ex-ministro.
Calero disse, ainda, que interesses pessoais não podem ultrapassar a questão de uma construção de um prédio em uma área histórica de Salvador. Ele considerou a postura de Geddel Vieira Lima como “descolada da realidade”.
“É um mundo à parte. Pensei: ‘Esse cara é louco, esse cara é maluco’. Parece que muitas vezes essa classe [política] tem um descolamento totalmente alheio à situação das pessoas”, criticou.
Calero agradeceu a postura da presidente do Iphan, a historiadora Kátia Bogéa. Ele explicou que o presidente Michel Temer foi informado da questão, mas que preferiu deixar o cargo porque viu “que as coisas não se sustentariam” pelos próximos meses.
Geddel respondeu às declarações de Marcelo Calero: “Eu não vou entrar em agressão pessoal contra o ex-ministro. Não sei qual é a razão para ele estar agindo assim” disse o ministro, ao G1, por telefone. O político da Bahia disse ainda que pretende acionar os seus advogados para tratar das declarações feitas por Calero.
Um dos ministros mais próximos ao presidente Michel Temer, Geddel é presidente do PMDB na Bahia e é um dos políticos mais influentes do estado. No Palácio do Planalto, ele é responsável pela articulação política do governo federal com o Congresso Nacional.
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