Caixas de marabaixo dão o tom da despedida de Tia Chiquinha do
Um ícone da cultura do Amapá nos deixou nessa quarta-feira, 18. A Quarta de Cinzas será marcada não apenas pelo fim do carnaval, mas pela lembrança eterna da rainha do batuque e do marabaixo.
O Amapá perdeu nessa quarta-feira, 18, uma das mais ilustres filhas do Curiaú. Calou-se dona Francisca Ramos dos Santos, a Tia Chiquinha do Bolão. Em sua vida quase centenária, ela foi e continuará sendo referência das tradições folclóricas do estado, principalmente do Marabaixo e do Batuque. Aos 94 anos de idade, a filha de pais e avós escravos deixa 11 filhos, 45 netos, 75 bisnetos e 8 tataranetos, uma descendência que dará continuidade aos ensinamentos e paixões da matriarca.
Tia Chiquinha compartilhou com todos nós, filhos desta terra, seja por nascimento ou de coração, um pouco de sua sabedoria e amor pelas suas raízes. Sua passagem foi somente da carne; a saudade será grande, mas o sorriso, o seu canto, sua alegria e generosidade sem iguais ficarão eternizados e vívidos nos campos quilombolas do Curiaú e no rico legado histórico-cultural deixado por ela. As festas de santos no Curiaú não serão as mesmas, a dona do chapéu florido e colorido não mais rodará a saia, não puxará mais os ladrões e não estará lá para receber com afeição seus convidados. Sem dúvida, uma perda irreparável para a cultura amapaense!
Sua bênção, Tia Chiquinha! Siga em paz, agora ao lado do seu grande amor e companheiro, Maximiano dos Santos, o mestre Bolão. A sua nova missão é de animar as festas no céu, ao lado dos mestres Pavão, Joaquim Ramos, tia Fé, mãe Dulci Moreira, tia Zefinha, tia Gertrudes Saturnino, tia Juci, dona Venina, tia Biló Nunes e outros pretos velhos que, como a senhora, escreveram tão digna história de vida.
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