Esportes

Me perdoa, Gabiru! Das vaias ao gol, herói pinta o planeta de vermelho

A historia dos 10 anos do título do Mundial do Internacional/RS


Índio domina contra Ronaldinho e tenta limpar o lance, na risca da linha de fundo. O relógio beira os 36 do segundo tempo. Combalido pelas dificuldades de respirar, fruto de um tampão para estancar o sangramento do nariz quebrado pelo colega Edinho, o zagueiro pena contra o endiabrado craque rival e manda de qualquer maneira para frente. A bola respinga nas cabeças de Adriano Gabiru e Luiz Adriano, até se aninhar nos pés de Iarley.
Do alto de seu 1m71, o camisa 10 tem a frieza de aplicar uma caneta capaz de desalinhar a coluna vertebral de Puyol. O xerife catalão treme diante do talento gigante daquele meia-atacante pequenino. Ao seu lado, Rafael Márquez parece atônito. Os dois recuam, acuados, diante do avanço solitário de Iarley, como um batalhão de um homem só. Luiz Adriano irrompe pela direita, mais adiantado. Gabiru dispara pelo outro lado.
Mas Gabiru estava. Predestinado. Ali, dentro da área, o meia-atacante carrega um mundaréu de vaias e críticas da torcida. Alguns sequer entendiam o que fazia dentro de campo em Yokohama, mas ele teve a paciência de explicar a seu modo. Após o domínio, a bola escorre em frente a Váldes, até o toque certeiro, enviesado, para fazê-la tocar no fundo das redes e dos corações de milhões de colorados.
Gabiru logo irrompe em uma corrida inabalada, braços abertos, para comemorar. Em meio à euforia, não tem a dimensão exata da história que escreveu com a parte externa de seu pé direito. Mais do que o gol. Mais do que a festa. Mais do que o 1 a 0 sobre o gigante Barcelona, na final do Mundial de clubes. Gabiru pintou a Terra de vermelho.


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