Parentes de amapaenses mortos em acidente na BR-010 embarcam para o Maranhão
Objetivo é a coleta de material para o exame de DNA, já que as pessoas mortas no acidente de carro tiveram os corpos carbonizados
Parentes dos seis amapaenses mortos em um acidente de carro, ocorrido na tarde de segunda-feira (16) na altura do quilômetro 170 da BR-010, entre as cidades de Campestre e Porto Franco, distantes 702 quilômetros de São Luiz, capital do Maranhão, desembarcam na manhã desta quarta-feira (18) em Imperatriz (MA) para fazer a coleta de material para o exame de DNA que vai confirmar a identificação das vítimas, cujos corpos ficaram carbonizados após a explosão do veículo.
De acordo com Maria Estrela Feitosa, de 54 anos, que é irmã da professora Maria do Socorro Nascimento Feitosa, de 51 anos, (morta no acidente), os familiares deveriam chegar por volta de 11h.
“Minha sobrinha [Daniela Dias], embarcou com o marido dela e mais a mãe do professor Fábio Xavier, a Maria do Socorro. Daniela e Socorro farão a coleta de material genético para realizar o exame de DNA, necessário para confirmar as identidades das vítimas, já que os corpos ficaram irreconhecíveis pelo fato de terem sido carbonizados. Ainda não caiu a ficha. Estamos sem chão”, disse Maria Estrela.
No acidente morreram o professor de inglês Fábio Xavier da Silva Araújo, 35 anos, que dirigia o veículo; a esposa dele, Rafaella Sousa Xavier, 31 anos, os dois filhos do casal, Victor Sousa Xavier, de12 anos, e Vanessa Sousa Xavier, de 4 anos, além dos pais de Rafaella, Baltazar Eurípedes de Sousa, 71 anos, e a professora Maria do Socorro Nascimento Feitosa, 51 anos.
“Minha sobrinha [Rafaella] resolveu presentear a mãe com uma viagem. A minha irmã havia concluído o curso de pedagogia recentemente e a Rafa decidiu levá-la para uma cidade no interior de Goiânia, onde o pai dela nasceu. Era uma forma de reunir a família e voltar às origens do Eurípedes. Infelizmente a viagem dos sonhos se tornou o pesadelo de todos nós”, disse.
Drama
Maria Estrela declarou ainda que a família passou a viver outro drama; o translado dos corpos. “Existe uma questão financeira, já que cada urna custa R$ 4 mil, e o avião só pode transportar duas urnas por viagem. A funerária lá chegou até a dizer que deveríamos escolher dois corpos para transladar, mas isso não existe. Queremos velar e sepultar nossos entes com dignidade e juntos”, desabafou.
Normas da Anvisa para translado
O transporte aéreo dos restos mortais é feito de uma forma muito específica, de acordo com normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e depende para onde os restos mortais estão indo e quanto tempo transcorrerá entre a morte e o enterro (chamado também ‘inumação’). A ideia é que quanto mais os restos mortais tiverem que viajar (tempo + distância) mais o corpo se decomporá e, consequentemente, maior será a possibilidade de criar algum problema para os vivos, desde mau cheiro até passar a colocar em risco a saúde.
Em casos de transporte intermunicipal e interestadual, se o tempo entre a morte e o sepultamento ficar entre 24 e 48 horas (entre 1 e 2 dias), o cadáver precisa ser formolizado (método de conservação de restos mortais com o objetivo de promover sua conservação de forma temporária) e transportado em uma urna funerária impermeável chamada ‘Tipo II’, que é aquela caixa externa de madeira com espessura mínima de 3 cm e forrada internamente com folhas de zinco soldadas. Essa regra também é aplicada em casos de transporte internacional que fique na mesma janela de tempo.
Espera
“Além de tudo ainda vamos esbarrar em uma série de burocracias. Esperamos que haja uma intervenção do próprio Estado nesse caso. Precisamos de toda ajuda possível para resolver essa questão do translado. Só estaremos mais ‘calmos’ quando as urnas estiverem aqui para sepultamento”, concluiu.
O acidente
Segundo as informações iniciais colhidas pela PRF no local do acidente, o carro modelo Chev/Spin, placa BAA-4360/PR, que era dirigido pelo professor Fábio Xavier, ficou desgovernado depois que o motorista passou por um buraco na pista. O veículo da família teria batido contra a lateral de um caminhão, colidido contra uma caminhonete e se chocado novamente contra outro caminhão.
O impacto das batidas fez com que o motor do veículo fosse sacado. Ao parar na lateral da pista o carro incendiou, matando os seis ocupantes. Homens do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros foram deslocados para a área, mas não havia mais possibilidade de resgatar alguém com vida.
As chamas foram debeladas e os corpos removidos para o Instituto Médico Legal (IML) de Imperatriz (MA). A PRF confirmou que as bagagens da família amapaense estavam no porta malas do veículo, e que ainda estavam com lacres da companhia aérea. O carro envolvido no acidente havia sido locado no aeroporto.
Reportagem: Elden Carlos e Rodrigo Silva
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