Oposição surda desune o Brasil
As forças dominantes acabaram sendo maioria, e o país passou a ser dirigido, imaginava-se, com ética e respeito à boa governabilidade.
Ulisses Laurindo
Articulista
Pequena legião de parlamentares na época da cassação de Dilma Rousseff manifestou que o melhor caminho para o Brasil era a realização de eleições diretas, argumentando que os problemas políticos e fiscais do país tinham o mesmo tronco, e que a subida de Michel Temer, como substituto na Presidência, era a pior saída para o impasse, e que não geraria novas lideranças e novos métodos para sepultar de vez o caos que os brasileiros começaram a viver, sem perspectivas de futuro.
As forças dominantes acabaram sendo maioria, e o país passou a ser dirigido, imaginava-se, com ética e respeito à boa governabilidade. Mas a maioria que apostava na troca tinha a convicção de que a partir daquele momento o Brasil seria passado a limpo, e dias melhores viriam. Mas ninguém imaginava o lamaçal que se escondia debaixo do tapete, e que as mesmas forças que foram sacadas sem nenhum constrangimento continuariam a agir imbuídas de vingança pelo trono perdido.
Mesmo pagando seus pecados de ter participado, por muito tempo, do governo destituído, Temer se imbuiu de consertar o que via de errado. Mas aí entram as forças do mal. As medidas implementadas pelo novo Presidente receberam o aval da grande população, sempre carente e com direitos postergados. Aí surgiram reformas que, independente de visão partidária, teriam há muito que ser aplicadas.
A verdade é que mesmo trabalhando para dar nova cara ao país, Temer não conseguiu avançar. Primeiro, pela falta de liberdade, sabedoria ou coragem não teve ou não soube usar a força para barrar nomes implicados em corrupção que se acerca do governo, por décadas, como Moreira Franco e Gim Argelo, deixando impressão de dependência em relação a todos eles.
Os distúrbios ocorridos em vários estados, sublevação de presidiários e guerra nas ruas são ainda raízes do tempo do governo anterior que, agora, naturalmente, trabalha como oposição surda, e que age com influência para mostrar que tudo foi veneno para tirá-lo do assento do governo, embora não vista a capa de dona da corrupção. Por isso, não quer vê o progresso agindo em benefício da população mais carente.
Já é chegada a hora da Constituição Federal mudar o artigo que permite a ex presidentes se tornarem elegíveis ao aptos a qualquer outro cargo público, principalmente o majoritário da Nação.
Os pecados de Temer não são tão graves assim para deixar o Brasil de hoje com sua população com medo, até dentro de casa. A luta atual para permitir maior verticalidade na vida nacional, ao contrário do governo anterior, melhorou, e muito. Por que então esse desassossego no país inteiro, pipocando greves ilegais, revolta de militares, assassinatos nas ruas, se não tem um comando, mesmo inconsciente, querendo ver o caos?
Repito: Acho Temer vítima do sistema cruel elevado ao quadrado que o cerca nos acertos e, muito mais, nos erros. Não é de agora que a política nacional sempre agregou os piores quadros e, no duelo com os melhores, aqueles levam sempre a vitória, embora parcial, mas que desarruma a Nação, como está acontecendo agora, para infelicidade de mais de 220 milhões de pessoas.
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