Mundo pelo avesso
As tragédias que tomam conta do mundo se avolumam como que incontroláveis, fazendo as pessoas de bons sentimentos temerem quanto ao futuro da sua vida pessoal e da humanidade que caminha para se afogar em sangue.
Ulysses Laurindo – Jornalista
Articulista
Houve tempo em que uma grande legião de pessoas, inclusive este pobre escriba, acreditava que o mundo era formado por 90% de pessoas boas. Os 10% restantes representavam o lado ruim da vida. Hoje esse universo de bondade perdeu espaço para um quantitativo maior. Já se diz quase meio a meio, e até bem próximo disso.
As tragédias que tomam conta do mundo se avolumam como que incontroláveis, fazendo as pessoas de bons sentimentos temerem quanto ao futuro da sua vida pessoal e da humanidade que caminha para se afogar em sangue.
Os limites da violência, principalmente o desprezo pela vida humana, atingiram grau que nem Nostradamus ajuizaria nas suas profecias sobre a insanidade dos dias atuais.
Não foi só Michel Nostradamus quem imaginou antecipar as tragédias do mundo atual, mas também o escritor inglês Aldous Huxley, que no livro Admirável Mundo Novo, de 1932, profetizou os momentos de angústia de hoje, deixando para a posteridade o perfil da sociedade moderna, e escrevendo que “entre o moderno e o atrasado nas críticas pungentes ao desenvolvimento prodigioso da ciência que, ao contrário de promover benesses à sociedade, contribuiu para o surgimento de diversos problemas de ordem social que, posteriormente, não seriam resolvidos”.
No livro também é reduzido o conceito de família, mostrando que ela não existe. Hoje se fala que o progresso, como adivinhou Huxley, trouxe grande parcela de infelicidade, que se extravasa na violência. Na outra ponta da questão, o mundo se enche de esperança quando a Igreja elege o seu pontífice, cuja mensagem é que o ser humano nasceu para servir, não para ser servido.
As boas mensagens, porém, encontram obstáculos que vêm desde a pobreza, das drogas, dos vícios e da falta da boa relação com a religião. A mídia, cuja função é retratar o fiel comportamento nas interrelações humanas, não deve e nem pode ser omissa quanto a passagens da vida diária em que um ser humano adjetivado de pessoa assassina por ódio e desvario, por exemplo, uma criança no alvorecer da vida que tinha o direito sagrado de viver.
Como dever, a mídia apenas retrata o sempre agora, os acontecimentos, como noticia a presença do alucinado ditador da República Democrática da Coreia do Norte – população de pouco mais de 23 milhões de habitantes num território diminuto de 120 mil quilômetros quadrados –, que ameaça a tocar fogo no mundo com suas armas nucleares, invejando a repetição das primeira e segunda guerras fratricidas com milhões de sacrifícios de vida.E ainda o aparecimento na vida política mundial de Donald Trump e suas loucuras na Presidência dos Estados Unidos e, embora distante, da figura de Putin, sequioso a mostrar suas garras.
Os atos enlouquecidos chegam a assustar as pessoas de bem que vivem tristes, desperdiçando o melhor de suas vidas de cativar o amor a todos, alinhando-se na construção de um universo de alegria.
Há uma citação célebre em livro que diz, referindo-se aos cuidados com a saúde, que “se o Brasil não acabar com a saúva (tipo de formiga), a saúva acaba com o Brasil”. Estranha-se, por ser uma comparação menor, mas se entende que se o mundo não acabar com a violência, a violência acaba com o mundo. A nós brasileiros, interessam-nos identificar os males que infernizam o povo. A impunidade, o corporativismo e a gestão pública não levados a sério são ingredientes que estimulam o vandalismo e a intolerância, primos irmãos da violência.
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