Douglas Lima
Da Editoria
O amapaense tem o primeiro contato, na noite deste sábado, 8, no Espaço Vitruviano, das 18h às 21h, com o livro ‘Entre a Tortura e a Matinta Pereira: Uma abordagem Cultural da Ditadura no Amapá’, em seu lançamento. Autoria do historiador e advogado Dorival Santos, a obra trata da peculiaridade do então Território Federal do Amapá no cenário do regime militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985.
Dorival Santos, que é amapaense, em síntese mostra em sua criação que enquanto no resto do país a repressão aos subversivos, sumiço e torturas marcavam pessoas e a época, no Amapá se vivia o que ele chama da ilusão do ‘engasga engasga’, apropriando-se de lendas e mistérios, relacionando-os aos carimbados comunistas como pessoas do mal.
O autor foi entrevistado na manhã de hoje no programa Togas&Becas, da Rádio Diário FM, apresentado pelos advogados Helder Carneiro, Wagner Gomes e Edvar Mota. Ele traçou, em linhas gerais, os segmentos do livro, anunciando que no lançamento a obra custa R$ 50, e que também haverá venda pela internet. A sessão de autógrafo de Dorival Santos será molhada com coquetel.
Segundo o historiador e advogado, Entre a Tortura e a Matinta Pereira: Uma abordagem Cultural da Ditadura no Amapá relata as estratégias para justificar as prisões, como a relação criada entre as criaturas lendárias e os comunistas engasgadores, que agiam soturnamente e, por coincidência, de noite, quando providencialmente a energia falhava, justamente na hora que a população voltava para casa, criando um ambiente de terror. O pânico só era amenizado quando o Estado colocava lideranças comunistas nas celas, e então a energia era regularizada, acabando com a ameaça dos engasgadores, e a população podia andar tranquilamente em uma cidade pacata e sem medo.
Mestre em História Social do Trabalho e doutor em Sociologia e direito, o autor entra no contexto social e econômico causado pelos governantes que, para tirar de circulação opositores do regime, demitiam servidores públicos do então território federal, atingindo diretamente a vida de uma considerável parcela de trabalhadores.
“…este livro investiga uma prática corrente (e pouco comentada) da ditadura no Brasil: o cerceamento ou mesmo a extinção dos meios de sobrevivência material de cidadãos e suas famílias, condenados à miséria econômica pela impossibilidade de reinserção laboral”, cita Cristina Buarque de Holanda, que prefacia o livro de Dorival Santos. Ela é professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj.
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