Líderes partidários no Senado defendem reforma política ampla
Para o líder do Psol, Randolfe Rodrigues (AP), o financiamento privado é incompatível com o regime republicano
O financiamento público de campanha eleitoral é defendido pela maioria dos líderes partidários do Senado. Os parlamentares também apontam como alternativa o modelo misto, no qual é possível alcançar um equilíbrio entre as dotações oriundas dos recursos públicos via fundo partidário e a contribuição de pessoas físicas, sem participação das empresas privadas.
De acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), as propostas do financiamento de campanha, um dos principais temas da reforma política devem começar a ser discutidas na próxima semana.
Para o líder do Psol, senador Randolfe Rodrigues (AP), o financiamento privado é incompatível com o regime republicano. “Sou totalmente contra esse modelo de financiamento porque fomenta a corrupção. Todos os escândalos políticos dos últimos 15 anos têm relação direta ou indireta com o financiamento privado”, atesta.
O líder do PSB, senador João Capiberibe (AP), vai mais longe. Ele afirma que não receberá mais nenhuma doação empresarial se ainda for candidato. Foi o que ele disse pessoalmente ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em conversa informal: “Depois da Lava Jato, não tem como mais você se livrar disso, de levar um processo criminal por causa de uma doação de campanha”.
Para o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), no entanto, é muito difícil que haja um consenso e a reforma política só deverá ser definida por meio do voto. Favorável ao financiamento público, ele também não descarta as doações particulares: “Mas tem que ter limite, tem que ter teto para cada contribuinte em relação às campanhas como um todo e proporcional aos candidatos”.
A opinião é compartilhada pelo líder do PT, senador Humberto Costa (PE), que defende a proposta do Movimento pela Ética na Política, de financiamento misto das campanhas eleitorais com limites para as doações.
Benedito de Lira (AL), líder do PP, também é incisivo. Para ele, deve-se proibir definitivamente o financiamento empresarial de campanhas eleitorais. Ao se referir ao esquema revelado na Operação Lava Jato sobre a compra de apoio político com recursos da Petrobras, em que seu partido aparece como maior implicado, o senador cobra a responsabilidade do Congresso em votar urgentemente as mudanças e deixar de fazer “arremedos” de reforma.
Projeto da senadora Vanessa Grazziotin (AM), líder do PCdoB, propõe o fim do financiamento de empresas aos candidatos com o objetivo de combater a corrupção. Ela questiona os valores milionários doados a algumas campanhas.
Reforma mais ampla
Na oposição, Alvaro Dias (PSDB-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) defendem uma reforma mais ampla, que passe primeiro pela organização partidária, pela discussão sobre a reeleição e pela harmonia entre os poderes.
O líder dos tucanos é favorável ao financiamento público, porém com maior participação da militância e com mecanismos de fiscalização e controle para “evitar o estimulo ao caixa dois”. Já o senador Ronaldo Caiado considera urgente quebrar a chamada “cultura da compra de voto”.
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