Cidades

Casos de violência doméstica lideram estatísticas no Amapá

Em 77% dos casos, as mulheres que relataram a primeira denúncia já tinham sofrido agressões anteriores.



 

Os casos de violência doméstica somam o maior número das ocorrências nos relatórios estatísticos da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Logo em seguida, aparecem as denúncias de poluição sonora.

A afirmação é do secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública, Gastão Calandrini, que participou de um evento na tarde desta sexta, 13, no Centro de Referência em Atendimento a Mulher (Cram). O convite partiu da coordenação do centro, em razão da visita da titular da Promotoria de Defesa dos Direitos da Mulher, Alessandra Moro, que palestrou para um grupo de mulheres sobre a Lei Maria da Penha.

O evento marcou o reinício das atividades públicas do Cram, que recebe mulheres em busca de atendimentos. Lá, elas encontram atendimento psicológico, social, jurídico e oficinas de artes e empreendedorismo para desenvolver novas ocupações no mercado de trabalho. Participaram ainda do evento, a secretária extraordinária de Políticas para as Mulheres (SEPM), Silvanda Duarte, que divide a gerência dos Crams com a Sejusp; e a coordenadora do Cram de Macapá, Otacília Paes.

No decorrer da palestra, a promotora apresentou dados de um levantamento realizado em 2014 sobre o perfil dos atendimentos na promotoria. Em 77% dos casos, as mulheres que relataram a primeira denúncia na delegacia contra seus parceiros já tinham sofrido agressões anteriores. Os motivos estão frequentemente ligados a falta de diálogo do casal, intolerância e ciúmes. Outro dado importante revelado pela pesquisa da promotoria é que a maioria dos agressores possui renda igual ou até um salário mínimo, e suas companheiras não possuem renda própria.

Há cinco anos como titular da promotoria, Alessandra Moro vivencia os reflexos da violência dentro dos lares amapaenses. “Quando o homem agride uma mulher, ele não está atingindo só a ela, mas também a família inteira. O comportamento violento do pai influencia negativamente na educação dos filhos e pode criar um ciclo de violência dentro da mesma família”, ressaltou.

Para a promotora, o chamado ciclo de violência consiste na condição de intimidação e o silêncio que a mulher preserva durante muitos anos por medo de denunciar o agressor. “Depois que ela quebra essa limitação e se permite sair daquele estado, tudo começa a melhorar”, enfatizou.

O secretário Gastão Calandrini destacou a preocupação dos órgãos da Segurança Pública em trabalhar pela diminuição dos casos de violência doméstica. No ano passado, foram 1.342 casos registrados de violência doméstica, contra 1.302 apurados em 2013.

Ainda de acordo com Calandrini, a prioridade do Governo Estado tem sido a reativação de mais quatro unidades do Cram, localizadas nos municípios de Mazagão, Oiapoque, Laranjal do Jarí e Porto Grande, cujos coordenadores já estão sendo nomeados.


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