“É preciso fazer uma força tarefa pelo Amapá, unir a bancada, desmanchar os palanques”
Representante da iniciativa privada, mais precisamente das indústrias da construção civil, Glauco Cei decidiu falar a respeito de como o setor privado está fazendo a sua parte para o enfrentamento da crise enconômica e institucional que se abateu sobre o país. Ele precide desde o ano passado o Sindicato que congrega os empresários da construção, o SINDUSCOM, além disso foi por alguns anos um dos responsáveis pela manutenção da BR 156, a Macapá/Oiapoque, via que teve o tráfego interrompido este ano novamente este ano, devido ao rompimento de uma galeria de drenagem. Nessa entrevista, ele dá mais detalhes sobre o que aconteceu na estrada e também projeta ações futuras para que seja concluída uma das mais antigas rodovias federais em construção no Brasil e que é a principal do Amapá.
RAMON PALHARES
DA REDAÇÃO
Diário do Amapá – O setor que mais sofre com a atual crise é o Setor da Construção Civil. Qual a atual situação hoje da construção civil no Amapá?
Glauco Cei – Ouve na iniciativa privada e no serviço público, uma diminuição no investimento. A uma restrição de financiamento até pra casa própria agora, os juros aumentaram bastante e o cidadão está com mais cuidado na compra do imóvel e com isso gerou toda essa crise. A Construção Civil todo tempo foi responsável por 75% da mão de obra de baixa renda com isso criou todo esse problema, inclusive com o aumento da violência em Macapá.
Diário – Aqui no estado foi um período de muitas demissões?
Glauco – Agravado com a parada da Zamin, todo o atropelo que foi essa confusão da mineradora, havia muitos serviços da construção civil que absorvia lá com o fato da manutenção da rodovia não ter sido feita, e as outras mineradores que sem caixa pararam também, como a Unagem, foi uma crise de setor agravada ainda pela própria crise financeira do Estado.
Diário – Qual a perspectiva de melhorar? Presença de ministros ajuda?
Glauco – O estado do Amapá, como enfatizou o último ministro a nos visitar, precisa de muitos investimentos, só que pra isso precisa de dinheiro e é o que nós não temos. Não temos uma indústria forte, não se preocupou tanto num parque industrial nesse período que o que ainda faz à maior circulação de dinheiro numa determinada área, a crise no Amapá ela é muito agravada. Para se ter uma idéia. Para cada um real que é colocado no estado do Amapá, 75 centavos voltam por que precisamos comprar insumo, até nossa farinha tem que comprar de fora, ou seja a cada real, 75% sai.
Diário – O que precisa ser feito para mudar essa situação e tornar o Amapá uma potencialidade?
Glauco – As coisas aqui acontecem na marra, o Linhão [do Tucuruí] veio porque o Brasil precisa de energia, esse linhão estava pra vir há 25 anos, essa que é a realidade, então é preciso fazer uma força tarefa, unir a bancada, desmanchar os palanques porque o Amapá precisa crescer, o Amapá não pode crescer por alguém descobriu o petróleo ali e outra coisa, existem outros estados pleiteando as benesses disso, podemos ficar com os royalties, mas vai ser a menor parte então é necessário criar um conjunto de pessoas de setores, de segmentos quer seja na iniciativa privada, quer na governamental e política, para subsidiar. Os parlamentares precisam ser mais humildes e procurar os setores também, para que a gente possa municiá-los e juntos buscarmos um caminho pro desenvolvimento. O Petróleo está aí, se a gente não cuidar, outros estados vão fazer pressão política e vai haver um maior investimento lá e novamente vamos ficar aguardando.
Diário – Situação se arrastando a muito tempo. Falando como engenheiro responsável por alguns anos pela manutenção da BR-156, como está esse trabalho?
Glauco – Ao longo desses anos todos a BR vem sendo construída há 30 anos, quando eu cheguei aqui o asfalto ia até Porto Grande, hoje você já chega até Calçoene e 50 quilômetros do Oiapoque pra cá. Eu não estou atualmente atuando mais como reesponsável por esse trabalho. Esse trecho especificamente do Oiapoque é um trecho muito difícil porque existem três ou quatro baixões e com essa mudança climática que aconteceu não só no Amapá, mas no mundo inteiro, agravou bastante. Entendemos que a comunidade e nós também queremos isso a conclusão da estrada que já dura 37 anos nessa espera. Esse último trecho é bastante complexo em termos de técnica em construção, faltam cerca de 110 quilômetros para ser concluído. Cerca de oito anos atrás houve licitação de empresas, mas elas reincidiram contrato quando viram que a coisa não iria proliferar. É preciso ser feito um estudo muito forte, afinal são três a quatro baixões e quando chega nesse período das marés altas e a água que escorre dos rios também, temos do lado oeste o maciço do Tumucumaque e a água acaba ficando acumulada nesses baixões, com isso a água sobe, passa pra cima da pista ao longo desse tempo também aumentou o fluxo de carros para aquela região e com isso agrava o problema. Como em 2015, quando os equipamentos estavam na área, foi no momento daquele rompimento e em menos de 24 horas foi feito uma passagem e o tráfego voltou a fruir. Atoleiro com certeza tem de novo, está difícil? Sim, mas pelo menos está passando.
Diário – Existe um contrato de manutenção permanente dessa rodovia?
Glauco – O nosso contrato era com o Governo do Estado, mas era um serviço delegado pelo Dnit ao estado do Estado do Amapá, a fonte financeira é o Dnit.
Diário – O que aconteceu este ano novamente, com o rompimento de um novo trecho da estrada. Foram casos iguais?
Glauco – Foi uma coincidência de um repiquete de água, devido ser um baixão, a água acumulou, tinha um bueiro e então a água passou por cima da rodovia e quando a maré baixou depois de um pico de 4,1 metros de altura e quando aquela água represada vai baixando naquela região ela vai fluindo no sentido de desaguar no oceano e como o volume era muito grande e a pressão exercida na boca do bueiro foi grande e ela acabou cavitando, ou seja, ela cavou pela lateral do bueiro e ela rompeu.
Diário – Há tratativas no sentido de se buscar uma solução para que isso não ocorra de novo?
Glauco – Olha, existe hoje muita vontade de resolver de vez esse problema, com a conclusão da obra. O DNIT, o Governo do Estado e provavelmente até o Exército Brasileiro deve entrar na mobilização, em várias frentes de trabalho para terminar a obra e finalmente virar essa página.
Diário – Obrigado por sua entrevista.
Glauco – Eu que agradeço a oportunidade e vamos em frente, trabalhar para vencer a crise.
Perfil…
Entrevistado. O atual presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Amapá (Sinduscom) é o empresário Glauco Cei. Seu mandato à frente desta entidade iniciou no dia 30 de abril de 2014. É oficial da Reserva do Exército Brasileiro, onde atuou por muitos anos nos postos de 2º tenente e depois de 1º tenente de Infantaria. Ele também possui formação civil como engenheiro, tendo fundado, em 1986 em Macapá, a Etecon Construtora para atuar na construção civil com projetos e obras de engenharia. Ele também é presidente da Sociedade Amigos da Marinha, a SOAMAR no estado do Amapá. Possui vasta experiência no campo da abertura e construção de estradas no Amapá, tendo, inclusive sido um dos pioneiros na abertura da BR 156.
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