Política Nacional

MPF denuncia sócio de Adriana Ancelmo por obstrução à Justiça

O dono de uma das maiores redes de restaurante de comida japonesa do Rio foi quem ajudou os promotores do Ministério Público Federal a descobrir como funcionava a lavagem de dinheiro da propina da quadrilha.


O Ministério Público Federal (MPF) denunciou um dos sócios do escritório de advocacia da ex-primeira dama do Rio, Adriana Ancelmo, por obstrução à Justiça. Thiago Aragão está preso desde janeiro, acusado de fazer parte do esquema ligado ao ex-governador Sérgio Cabral. O Jornal Hoje teve acesso às informações, com exclusividade.

O dono de uma das maiores redes de restaurante de comida japonesa do Rio foi quem ajudou os promotores do Ministério Público Federal a descobrir como funcionava a lavagem de dinheiro da propina da quadrilha.

Italo Garritano Barros, dono do Manekineko, disse, em delação premiada em maio, que os crimes foram praticados pelo escritório de advocacia “Ancelmo Advogados”, da mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, que teve um novo pedido de prisão preventiva pedido.

Ítalo é casado com a irmã da mulher de Thiago Aragão, que está preso desde janeiro e foi denunciado por obstrução à Justiça. Thiago era um dos sócios do escritório de advocacia da ex-primeira dama.

Segundo as investigações, o escritório usava dinheiro de propina, recebido de fornecedores do governo, para pagar parte do salário dos funcionários do restaurante.

O esquema começou em meados de 2014 e foi proposto por Thiago Aragão ao concunhado, que passava por dificuldades financeiras por causa de indenizações trabalhistas.

Como funcionava o esquema
A empresa Manekineko dividia a folha de pagamento em duas — folha “a” e folha “b”. A folha “a” era paga regular e legalmente. A folha “b” era paga por fora, com valores que não constavam na carteira de trabalho dos funcionários.

Thiago Aragão se comprometeu a emitir notas fiscais mensais no valor da folha “b” em nome do escritório Ancelmo Advogados, e lançar como prestação de serviços que na verdade nunca existiram, mas foram pagos pelo restaurante.

Essa divisão salarial irregular gerou uma série de ações judiciais. Na delação, Italo Barros contou ainda que, em troca, Thiago Aragão fazia pessoalmente o pagamento da folha “b”, sem recolhimento de impostos, na boca do caixa.

Ele usava o dinheiro vindo de operadores de Sérgio Cabral e entregava a quantia numa mochila junto com uma lista com os nomes dos funcionários para a gerente do banco. Foi a forma que eles encontraram para ocultar a origem de parte do salário dos funcionários e evitar mais dor de cabeça na Justiça.

Italo Barros também disse que sabia que tinha praticado uma fraude trabalhista, mas foi surpreendido com as notícias de que o restaurante estaria lavando dinheiro através do escritório de Adriana Ancelmo.

Para o Ministério Público Federal (MPF), Italo Barros acabou sendo usado pela organização criminosa. O esquema durou pelo menos um ano e movimentou R$ 3 milhões.


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