CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO
Quem visita a cidade de Macapá logo percebe esta imensa edificação que virou uma das maiores referências do Estado, seja no Brasil ou fora dele. Testemunha do vasto projeto de defesa da Amazônia desenvolvido pelo marquês de Pombal, as suas dimensões são comparáveis às do Real Forte Príncipe da Beira, a Fortaleza de São José de Macapá é a maior do período colonial.
Para suceder os redutos de 1738 (Reduto do Macapá) e de 1761 (Forte do Macapá), e dar solução definitiva à fortificação da barra norte do rio Amazonas, o Governador e Capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Fernando da Costa de Ataíde Teive, dirigiu-se à vila de São José do Macapá, onde, a 2 de janeiro de 1764, em companhia do Sargento-mor Engenheiro Henrique Antônio Galucio, examinou o terreno e aprovou a planta geral da nova fortaleza (SOUZA, 1885:63; GARRIDO, 1940:26-27). Meses mais tarde, a 29 de junho nesse mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental da fortaleza, no ângulo do baluarte sob a invocação de São Pedro, na presença do governador, do Coronel Nuno da Cunha Ataíde Varona, comandante da Praça, do Sargento-mor Galucio, do Senado da Câmara e das demais autoridades civis e religiosas da vila.
Construção – A sua construção empregou, além de oficiais e soldados, canteiros, artífices e trabalhadores africanos e indígenas. Eram pagos 140 réis diários aos primeiros contra apenas quarenta réis para os segundos (BARRETTO, 1958:57). Os trabalhos distribuíram-se entre as pedreiras da cachoeira das Pedrinhas, no rio Pedreiras, a cerca de 32 quilômetros de distância de Macapá (extração e cantariação), os fornos de cal, as olarias (tijolos e telhas), a logística (transporte fluvial e terrestre), além do próprio canteiro de obras em Macapá.
O bispo D. Frei Caetano da Anunciação Brandão, que passou por Macapá em viagem pastoral em 23 de março de 1785, registou em seu diário de viagem a observação de que a fortaleza era “(…) regular, segura e espaçosa ao gosto moderno, que importou ao rei Dom José três milhões (…); porém acha-se mui falta de gente para defender.”
A Proclamação da República (1889), e as suas sucessivas crises no início do século XX, mantiveram a Fortaleza de Macapá em relativo abandono, acarretando o desaparecimento de diversos elementos construtivos quer por deterioração quer por furto simples.
No período do Território Federal, as restaurações
O Território Federal do Amapá foi criado por Decreto-Lei em 1943, entre outras razões, atendendo a considerações estratégicas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Com o fim do conflito foram priorizados os aspectos de desenvolvimento econômico e de infra-estrutura da região. Para a antiga fortaleza, esse desenvolvimento chegou a partir de 1946, quando nela foi instalado o Comando da Guarda Territorial, responsável pelo policiamento público. Para esse fim, foram iniciadas obras de recuperação do imóvel, compreendendo inicialmente a capina interna e externa, a retirada dos arbustos nascidos entre as pedras das muralhas e o corte das árvores que se desenvolveram nos terraplenos, e que acarretaram sérios danos estruturais. Em paralelo procedeu-se a reconstrução dos telhados da Casa do Órgão e de mais quatro prédios, assim como a confecção das respectivas portas, janelas e portões em madeira. Foram reutilizadas, para esse fim, ferragens originais como dobradiças, ferrolhos e cravos, recuperados dos escombros. Substituíram-se tijoleiras degradadas dos pisos, muretas e rampas de acesso.
Revitalizada, vira Patrimônio histórico e uma das sete maravilhas do país
Trabalho desenvolvido pelo Laboratório Arqueológico da Universidade Federal de Pernambuco, trouxe à luz diversas obras exteriores que se julgavam inexistentes – baluartes, rampa e caminhos cobertos -, demonstrando a real amplitude e complexidade arquitetônica desta fortificação. Pouco depois veio o reconhecimento entre as maravilhas do Brasil, da Revista Caras e do Banci HSBC. O concurso Sete Maravilhas Brasileiras é uma lista que contém sete monumentos ou construções brasileiros que por votação pública foram definidas como maravilhas brasileiras. A eleição foi promovida pela Revista Caras e pelo Banco HSBCAtravés de uma eleição on-line, leitores da revista poderiam escolher seus sete votos entre 30 maravilhas, que foram previamente escolhidas levando em consideração não apenas a beleza, mas também a importância histórica-político-cultural. A site da revista anunciou as campeãs em 2008, após 3 meses e meio de votação e mais de meio milhão de votos.
Para aumentar ainda mais a importância deste título da Fortaleza de São José de Macapá é só lembrar quais foram os eleitos juntos com ela no disputado concurso da Revista Caras: Teatro Amazonas (Manaus, Amazonas), Fortaleza dos Reis Magos (Natal, Rio Grande do Norte), Mercado Ver-o-Peso (Belém, Pará), Ouro Preto (Minas Gerais), Natividade (Tocantins), e a Catedral da Sé (São Paulo). A eleição das Sete Maravilhas Brasileiras trouxe à tona discussões referentes principalmente ao setor turístico interno do Brasil. Muitos achavam uma perda de tempo existir tal votação, outros apoiavam a eleição, enxergando as possíveis melhoras no remanejamento do turismo pelas diversas regiões brasileiras, não apenas no Sudeste e Nordeste, majoritariamente.
NÚMEROS
– Apresenta planta no formato de um polígono quadrangular regular, com baluartes pentagonais nos vértices, sob a invocação respectivamente de Nossa Senhora da Conceição, São José, São Pedro e Madre de Deus.
– O conjunto da fortaleza ocupa 84.000 m², em estilo Vauban dito de 8ª classe;
– O portão principal acessa a chamada “Casa do Órgão”, bloco originalmente afeto ao “Corpo da Guarda”.
1.782
Este é o ano de inauguração da Fortaleza São José.
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