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Agosto está chegando

A mobilização das altas patentes da Aeronáutica, para esclarecer o caso, enfraqueceu o governo, e ficou conhecida como República do Galeão.


Ruy Guarany – Articulista
Articulista

Os fatos comprovam que agosto tem sido ‘agourento’ para o contexto político brasileiro. A crise política de 1954 teve um desdobramento constrangedor causado pelo suicídio do presidente Getúlio Vargas, ocorrido no dia 24 de agosto daquele ano. Duramente atacado pelo jornalista Carlos Lacerda, em editoriais publicados no jornal Tribuna da Imprensa, Getúlio evitou dar qualquer resposta. O atentado sofrido pelo jornalista, que saiu ferido, e atingiu mortalmente o major aviador Rubem Florentino Vaz, passou a ser investigado pelo Comando da Aeronáutica. Ao concluírem pela culpabilidade da Guarda Presidencial, dirigida por Gregório Fortunato, homem de confiança do Presidente, Gregório e outros integrantes foram presos pela Polícia da Aeronáutica. A mobilização das altas patentes da Aeronáutica, para esclarecer o caso, enfraqueceu o governo, e ficou conhecida como República do Galeão.

Mais agouro. Após sete meses como Presidente da República, Jânio Quadros renunciou ao mandato na tarde de 25 de agosto de 1961 sob a alegação de que estaria sofrendo pressões de forças poderosas. O ‘Homem da vassoura’ acabou sendo varrido, deixando uma interrogação sobre a origem das tais forças.

E haja agouro. O caso mais recente envolve a ex presidente Dilma Roussef, que ao sofrer o impeachment foi definitivamente afastada do governo em 31 de agosto de 2016 sob a acusação de haver praticado pedaladas fiscais e outros atos que dependiam de aprovação do Congresso Nacional.

No momento em que o país é assolado por uma crise sem precedentes, atingindo a governabilidade, Michel Temer, que vem sendo investigado por suposta participação em esquema de corrupção, corre o risco de ser atingido pelos agouros de agosto.


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