Água: Brasil desperdiça seis Cantareiras por ano
Vazamentos, irregularidades e falta de manutenção na rede são os principais
O Brasil desperdiça por ano seis vezes a capacidade normal do Sistema Cantareira, atualmente o segundo reservatório de São Paulo, que abastece mais de cinco milhões de pessoas.
Estes seis bilhões de metros cúbicos de água que escorrem pelo ralo custam anualmente R$ 8 bilhões. Vazamentos, irregularidades e falta de manutenção na rede são os principais motivos do desperdício. Mesmo sem chuva, o nível do Cantareira subiu nesta sexta feira e opera com 18,4%. Essa foi a 21ª alta consecutiva do sistema.
Quando o assunto é perda de água tratada, o Brasil ocupa a 20ª posição em um ranking com 43 países. O levantamento foi feito pelo IBNET (International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities), com dados de 2011. De acordo com o estudo, o Brasil perde 39% de sua água tratada. As perdas antes que a água chegue ao consumidor final incluem casos como vazamentos e ligações clandestinas.
Na lista, o Brasil fica atrás de países como Vietnã (que perde 31%), México (24%), Rússia (23%) e China (22%). O que mais perde água tratada na lista é Fiji, um país insular da Oceania que desperdiça 83% da água que trata. Já entre os com menor índice de perda estão Estados Unidos (13%) e Austrália (7%).
O dado do IBNET em relação ao Brasil em 2011 é semelhante ao verificado no mesmo ano pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ligado ao Ministério das Cidades. Segundo o órgão, o índice de perda em 2011 era de 38,8%. O dado mais atualizado do SNIS sobre as perdas de água tratada no Brasil é de 2013. Naquele ano, 37% da água tratada no país foi perdida.
O número representa 5,8 trilhões de litros de água. Isso seria suficiente para abastecer a cidade de São Paulo por sete anos e meio. O cálculo foi feito pelo G1 levando em conta apenas a água utilizada para consumo humando, considerando que, em 2013, a média de consumo no estado era de 188 litros diários por habitante, segundo o SNIS. Já o Instituto Trata Brasil estima em 39,1% do total produzido a perda de água tratada.
A quantidade de água desperdiçada inclui perdas com vazamentos em adutoras, redes, ramais, conexões, reservatórios e outras unidades operacionais do sistema. Esses vazamentos são verificados principalmente em tubulações da rede de distribuição, provocados especialmente pelo excesso de pressão em regiões com grande variação de relevo.
Também estão inclusas nos 37% as perdas chamadas pelo SNIS de “não físicas”, que é a água que foi efetivamente utilizada porém não foi medida e deixou de gerar faturamento às empresas prestadoras do serviço. Isso compreende situações como erros de medição (hidrômetros inoperantes, com submedição, erros de leitura, fraudes), ligações clandestinas, “gatos” e falhas no cadastro comercial.
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