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País sem escola, adeus progresso

Ulisses Laurindo – jornalista


É fácil calcular que um país que tem elevado índice de 62% de jovens de 15 a 17 anos idade fora das escolas não vai bem na área educativa, com reflexo negativo e grave distúrbio na vida social do povo. Esse levantamento foi divulgado pelo gerente de Todos Pela Educação, Olavo Nogueira Filho, apoiando-se no relatório da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (Pnad), constatando que existem na faixa etária de 15 a 17 anos 1 milhão 543 mil 713 jovens que, segundo a publicação, não frequentam o Ensino Médio, nível escolar onde todos deveriam receber os instrumentos necessários para escolherem seu futuro e se fortalecer para os desafios que terão pela frente, seja no trabalho, no Ensino Técnico ou na universidade. A esses valores atribuídos aos adolescentes soma-se outro quantitativo, o das crianças que, englobadas, atingem 2 milhões 400 mil, dados que atropelam quaisquer tipos de raciocínios.

Nunca houve e nunca deixará de prevalecer a importância da participação da juventude nos destinos de cada Nação, com o risco delas figurarem sempre entre as piores, e sempre vistas como de segunda classe. Os dados revelados pelo Pnad podem não chocar as pessoas, porque nesse nosso país continental a educação nunca mereceu prioridade.

Os malefícios do processo desajustado, como o do Brasil, custam a apresentar resultados, e quando eles aparecem, claro, são sempre negativos. O clima no Brasil de hoje é o resultado direto do abandono a que foram relegadas as áreas educacionais, porque nelas tudo se constrói para a vida privada e/ou profissional.

Tanta esperança jogada na lata lixo, impelida por uma parte da classe política que se apegou com unhas e dentes ao poder e não enxerga a fagulha que a ameaça se transformar numa enorme fogueira.

A lentidão e mesmo a negação do processo exclui a responsabilidade de entusiasmar os alunos a irem para as escolas, cumprindo um dever cívico. A profissão de professor pouco foi ambicionada, é verdade, pelo menos no aspecto de carreira profissional, porque a categoria nunca recebeu do poder público o quinhão que lhe é devido, principalmente quanto ao amparo salarial, e também nas condições de trabalho, salvo raríssimas exceções.

O Brasil já foi melhor, sem nunca ter dado, porém, prioridade à educação. A vida moderna é o livre convite para a prática dos desvios impuros, servindo como motivação aos desonestos que jamais aprenderam as regras da educação, aquela que estimula o cidadão a amar sua terra, fazendo lembrar brasileiros natos como Monteiro Lobato e Villa Lobos, entre outros, que lutaram bastante e conseguiram pouquíssimos com seus bons exemplos de nacionalistas, pois acreditavam que a educação é a base primeira de qualquer desenvolvimento.


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