Política Nacional

Aliados de Michel Temer manobram CPI contra Janot e delatores da JBS

A investigação sobre a JBS une aliados de Temer até mesmo ao PT


Durante a terceira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) criada para investigar a JBS, na quinta-feira (21), o deputado Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, se insurgiu contra a convocação de Luciano Coutinho, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas gestões petistas, para prestar esclarecimentos. Pimenta, um aguerrido defensor da tese de que Dilma Rousseff sofreu um “golpe”, não um impeachment, foi rapidamente acalmado pelo relator da CPMI, deputado Carlos Marun, do PMDB, líder da tropa de defesa do presidente Michel Temer no Congresso. Ao notar a exaltação do colega, Marun abandonou seu assento na mesa da Comissão e caminhou até a cadeira do petista. Sussurrou-lhe ao pé de ouvido. Sorriram. Conseguiu acalmá-lo. Marun voltou para seu lugar e disse que não via a necessidade de Coutinho ser convocado, ou seja, com obrigação de comparecer; mas, sim, que poderia ser convidado. Marun acabou vencido pelos argumentos do presidente da Comissão, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), mas seu gesto deixou Pimenta satisfeito.

Essa improvável harmonia entre PT e PMDB, aliados no governo Dilma e inimigos por causa do impeachment há apenas um ano, mostra a dinâmica acelerada da política empurrada pela Operação Lava Jato. Fundamenta-se na repisada técnica de muitas CPIs, na qual parlamentares – ainda que de campos opostos – se unem para blindar aliados e constranger inimigos. “O objetivo primeiro dessa CPMI nunca foi investigar nenhum malfeito da JBS. Sempre foi retaliar o Ministério Público Federal”, diz o senador Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá. “Essa CPMI tem uma aliança inusitada: estão juntos do mesmo lado Marun, o PMDB de Temer, e o PT. O que os une? Retaliar quem quer investigá-los. Marun e PT estão tão íntimos, entrelaçados, que não é mais nem namoro, mas um casamento.”


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