No Amapá, 16,7 pessoas a cada grupo de cem mil morrem por arma
Mapa da Violência revela dados estarrecedores no país
Dados que integram o Mapa da Violência no Brasil, com base em números pesquisados em 2012, revelam que 116 pessoas morrem – por dia – vítimas de armas de fogo no país. Em 2012, data dos últimos dados disponíveis, foram 42.416 mortos. A principal causa das mortes foram homicídios, motivo apontado em 95% dos casos.
No Amapá, segundo a pesquisa, o número de pessoas mortas por armas de fogo é de 16,7 para cada grupo de cem mil habitantes. Com base em dados estatísticos fornecidos pelo repórter policial João Bolero Neto, em 2012 o número de mortos por armas de fogo foi de 116 pessoas. Em 2013 o número caiu para 103 homicídios, mas em 2014 o percentual saltou para 148 assassinatos.
Já no primeiro quadrimestre deste ano, o número de vítimas fatais por arma de fogo é de 47. Desse total, 28 dos crimes ocorreram na capital, Macapá. “Apesar desses índices houve uma redução em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, estamos evitando mais assassinatos com o reforço do policiamento ostensivo. Conseguimos apreender dezenas de armas que poderiam ter sido usadas em novos crimes, mas que graças ao reforço do policiamento ostensivo, ao trabalho de inteligência da polícia e as denúncias da comunidade conseguimos retirar das ruas”, disse o coronel Gastão Calandrini, secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública do Amapá. O estado amapaense ocupa a viségima colocação geral no ranking de mortes causadas por arma de fogo.
Índice nacional
Os dados, que fazem parte do Mapa da Violência 2015, realizado por órgãos do governo federal e Unesco, são os mais altos já registrados no país por este motivo desde 1980, início da série histórica. Nesse período, as mortes por armas de fogo cresceram 387%, segundo a pesquisa. Em dez anos, porém, o aumento foi menor: 11,7%.
A pesquisa aponta os jovens entre 15 e 29 anos como as principais vítimas. Ao todo, foram 24.882 mortes neste grupo, o que leva a outro recorde negativo: são 59% do total de casos.
Para o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo, a dificuldade de acesso dos jovens a políticas públicas eficientes, especialmente na educação, contribui para que esse grupo fique mais vulnerável à violência. Hoje, para cada não jovem morto, há quatro jovens são assassinados, segundo o relatório. “É uma categoria que ainda não se consolidou como prioritária para políticas públicas. Há políticas, mas insuficientes”, diz o pesquisador.
Na mira
Além dos grupos etários, o crescimento da mortalidade também é desigual em algumas regiões. No país, a região em que há maior crescimento em número de mortes por arma de fogo é o Norte, que registrou um avanço de 135,7% em dez anos. Em seguida, estão Nordeste, Centro-Oeste e Sul.
Segundo o relatório, o Sudeste é a única região em que houve queda neste período — lá, a redução foi de 39,8%, puxada principalmente por uma queda ocorrida no Rio de Janeiro e em São Paulo.
A situação mais crítica ocorre em Alagoas, Estado com a maior taxa de mortalidade por arma de fogo, com 55 mortes a cada 100 mil habitantes. Já o Maranhão é o Estado onde esse índice mais cresceu desde 2002: lá, a taxa observada de mortes a tiros a cada 100 mil habitantes registrou 273% de aumento.
Interior
Assim como nos últimos anos, o relatório também confirma um avanço da violência no interior. Enquanto o país registrou um aumento de 11,7% no número de mortos a tiros, nas capitais, houve queda de 1,6%.
Ao todo, 12 capitais apresentaram redução na taxa de mortalidade por armas nos últimos dez anos. O Rio de Janeiro teve maior queda, de 68,3%. Do outro lado, está São Luís, com o maior avanço: 316%.
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