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Sueli Pini diz que sindicato pode estar sendo usado politicame

Presidente do Tjap afirma que existem interesses por trás do movimento grevista que não são apenas financeiros


Em entrevista concedida na manhã desta terça-feira, 26, ao jornalista Elden Carlos, do programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), a presidente do Tribunal de Justiça (Tjap), desembargadora Sueli Pini, admitiu que a postura ‘intransigente e intempestiva’ do Sindicato dos Serventuários da Justiça (Sinjap) aponta a existência de interesses políticos: “Macapá é uma cidade de muro baixo e é fácil descobrir. Nós vamos apurar e descobrir o que há por trás desse movimento”.

Para Sueli Pini, apesar dessa ‘intransigência’, as portas do canal de negociação são ‘largas e estão abertas para o diálogo’, como, aliás, conforme adita, sempre estiveram: “Eu não duvido nem um pouco que há manobra política na greve, pois não dá para acreditar que se trata só questão financeira. Por exemplo, ao assumir a presidência do Tribunal, eu prometi o plano de cargos e salários até dia 21 e fiz isso. Estamos liquidando plano de saúde, para oferecer melhor qualidade de vida para todos os servidores, em todos os níveis, que eu não uso por opção minha, mas jamais tiraria esse direito dos servidores, como tanto propagaram; peguei a Amprev com repasses atrasados, mas fiz parcelamento de R$ 550 mil em 12 meses; já garantimos muitos benefícios em tão pouco tempo. Mesmo assim, eu reafirmo que, apesar de estar dececpcionada, profundamente decepcionada com dirigentes do sindicato, que eu considerava muito, que a porta de negociação está aberta, quero dialogar”.

Segundo a Presidente, o Sinjap se mostra inflexível, sem querer compreender a realidade econômica e financeira do país, com a crise que se instalou e acabou refletindo de forma ‘impactante’ nos estados, principalmente no Amapá: “Desde quando a gente assumiu a situação nos levou a tomar medidas de economia, tanto que editamos longa portaria onde adotamos várias medidas para conter despesas. Tivemos e vamos ter que cortar despesas. A crise muito grande, e não sabemos até onde ela vai, mas os cortes são necessários para que a Justiça funcione, para que os encargos da folha de pagamento não sejam comprometidos”.

De acordo com Pini, a própria arrecadação do estado esta caindo dia após dia: “Há uma crise, e isso está e vai refletir diretamente nos cofres públicos. Nossa expectativa é quando chegarmos ao final de junho, julho, teremos noção quando vamos estabilizar. Ficou acertado dentro do conselho gestor do estado, do qual participa o Tjap, o governo do estado, o TCE (Tribunal de Contas), o Ministério Público (MP-AP), que reajuste de salários não poderiam ser superiores a 4%. O Executivo talvez nem consiga dar esse reajuste linear de 15%, embora tenha achado uma brecha para dar 15% exclusivamente sobre a regência de classe. Mesmo assim, eu pergunte: servidores do MP, TCE, Governo, estão em greve? Não! Eu lamento, é uma greve intempestiva, uma greve ilegal, pra não falar que é imoral”.

A Presidente do Tjap lembrou que, paralelamente à medida judicial (que decretou a ilegalidade da greve), foi criada uma comissão de negociação, com 2 mediadores: “A gente acreditou que ia poder fazer ali uma negociação. Ora, vejam: eles insistem em 8% de reajuste, trabalham em média 6 horas, o menor salário é em torno de 6 mil reais, possuem seguro de saúde, etc. É só fazer as contas: 2% de R$ 6 mil dá 120 reais. Não dá para acreditar a greve é por essa quantia”.

Suspensão da greve é falsa’
Sueli Pini reclamou que o Sinjap mandou ofício comunicando que no dia 19 de maior a greve seria deflagrada: “Isso aconteceu quando estávamos em plena negociação. Chamei o presidente e demais diretores do sindicato, eles foram ao Tribunal, mas depois de 2, 3 minutos de início da discussão levantaram-se e foram embora, deixando a mim, Carlos (Tork) e Stella (Ramos) sozinhos na sala, de forma infantil, imatura e desrespeitosa. Quero lembrar que assumi a Presidência do Tribunal, não um palco de mágica. Outra: eu não imprimo dinheiro, e não poderia tomar ato de irresponsabilidade e dar reajuste sem lastro. A situação é tão estranha, que após anunciar a suspensão da greve, o sindicato já estava na porta do Tribunal, com um carro estacionado no meio da rua e batendo panela, inclusive impedindo o acesso ao Palácio do Governo, o que nos dá a certeza que essa suspensão é uma fraude”, acusou.

“Eu tenho tanto respeito pela categoria, que fiz convite honroso a alguns dirigentes do sindicato para que assumissem cargo de ouvidor geral do tjap, para conhecerem toda a situação e ajudar, mas não aceitarem. Pelo contrário, procuram dificultar tudo, usam carro de som e fazem barulho, já provocaram a suspensão de um júri popular suspenso em Santana, com sérios e graves prejuízos para a aplicação da justiça”, concluiu a desembargadora.


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