Heraldo Almeida
Errei Por Amor
Viajei uma légua em busca da minha vida. Pois a que eu levava em casa com fartura na mesa, obediência, escola, solidão de mim, roupa nova, igreja, parentes sorrindo, comida e cama macia, essa não era minha. Era a que minha familia me oferecia. Eu queria a minha. Foi aí que resolvi abrir a janela e olhar na direção do sol.
Eu não conhecia o mundo lá de fora, mas tinha certeza que ele era diferente daquele que eu tinha e concordava. Gratidão a tudo, pois sempre fui bem acolhida e cuidada, mas faltava algo que eu não sabia dizer o que era, mas faltava.
Andei dois passos fora de casa e logo avistei uma rua de chão batido. Foi nela que pisei pela primeira vez com os pés descalços. Senti um alívio na alma e um sorriso da vida me chamando para seguir caminhando sem parar. Juro que pensei em olhar para trás, mas tinha medo de desistir. Levantei a cabeça e segui a voz do meu coração.
Caminhei dezesseis horas sem parar. Meus pés sentiram os primeiros calos da nova vida, mas isso não me impediu de seguir, jamais. Bebi um gole d’água pra molhar a sede e continuei a jornada.
Durante os passos, lembrava de tudo e de todos. Minha família fez o que foi possível, mas eu queria encontrar a minha vida e construir a minha história. É assim. Todos passam por isso. Eu que nasci pra mim.
De repente olhei firme para o sol e vi suas lágrimas de felicidade por me ver caminhando sozinha em busca de um mundo que somente ele testemunha aqueles que conseguem passar por ele com vida. Isso foi um novo ar que eu precisava respirar. A mão de quem vive no alto e de lá protege. Sua luz me guiou e me fez enxergar um amor que jamais tinha conhecimento de sua existência. O amor da vida.
Voltei pra casa feliz, com um novo sorriso. Fui indagado por ter saído sozinha. “Isso está errado”, disse o meu passado. Falei em voz alta: “Errei por amor”. (Livro: Contos Para Anaul).
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O meu amor…
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
Chico Buarque
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Encerrou
Encerrou a programação do 29º Encontro dos Tambores, que aconteceu no Centro de Cultura Negra Raimundinha Ramos – Laguinho, de 14 a 26 de novembro. A coordenação geral foi da UNA.
Terreiro
No sábado (30) vai acontecer o 1º Encontro de Terreiros, no Centro de Cultura Negra – Laguinho, a partir das 20h. Essa programação marca o encerramento do mês da Consciência Negra.
Capoeira
O segmento da capoeira no Amapá está crescendo a cada dia. Muitos grupos realizando projetos e recebendo novos alunos (crianças/adolescentes e jovens), em todo o Estado. Parabéns.
Hip Hop
Muitos grupos amapaenses de Hip Hop estão participando de festivais nacionais, levando a “garotada” para trocar experiência em outros estados brasileiros.
Geandra
Título da música de Joãozinho Gomes e Enrico Di Miceli, cantada por Ariel Moura, conquistou o 2º lugar no Festival Nacional de Música de São José do Rio Preto (SP). Mais um prêmio para a música amapaense. Parabéns.
Mudou
Cantor Carioquinha é o novo intérprete da escola de samba Império do Povo. Durante anos ele estava na Maracatu da Favela. Boa sorte.
‘Gratidão’
Título da música gravada pelo cantor amapaense, Elson Samer. Ele pertence à Banda Gospel Renovação. O louvor é de autoria de Heraldo Almeida e Aureliano Neck.
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