
Heraldo Almeida
Música, ritmos e danças que retratam a Amazônia

Nem só de samba e carnaval vive a musicalidade brasileira. A cultura amazônica, por exemplo, que recebeu importante influência dos povos indígenas, tem outras preferências musicais. Nossa região possui cultura, hábitos e tradições que persistem e quase não foram alterados através dos tempos. Mesmo com as massivas propagandas subliminares veiculadas na grande mídia, a exemplo da axé-music, da música sertaneja e de outras tantas.
Apenas o forró, o swing e o calipso conseguiram adentrar-se na região. O primeiro, em áreas colonizadas por nordestinos (ex-soldados da borracha), em especial no Acre, em Roraima e em Rondônia. Hábitos culturais e culinários regionais exuberantes, com aromas e sabores personalíssimos, ainda se mantêm, em alguns aspectos, quase inalterados. O calendário de eventos das cidades da região também expressa essa característica própria em elementos como música, artes plásticas, artesanato e folclore regionais.
O brega, a toada do Boi de Parintins e o carimbó formam o tripé musical da Amazônia cultural e artística. Em Manaus, pelo menos um dia da quadra momesca é dedicado exclusivamente às toadas do Boi de Parintins, denominado “Carnaboi”, influência que atinge até os festejos do aniversário da capital amazonense, em outubro, com o Boi Manaus.
A toada do Boi de Parintins nada tem a ver com a do tradicional bumba-meu-boi do Maranhão. Ela nasceu do mesmo processo de transformação do folclore na Ilha Tupinambarana, com destaque para os surdos e as caixinhas, colocando as baterias em segundo plano. A coreografia tem movimento de pernas tipo “dois para lá, dois para cá”, sincronizados com os braços e o corpo.
O Amapá, contagiado fortemente pela cultura negra, onde se destacam os grupos Senzalas, Pilão, Patricia Bastos, Negro de Nós, além de vários cantores e compositores locais, traz, em seus talentosos artistas, o jeito de cantar as coisas da Amazônia, diferente da negritude baiana. Os amapaenses mostraram o que há de melhor na música tucuju, com muito Batuque, Marabaixo, Cacicó, Zimba e zouk (ritmos da cultura local, da Guiana e do Caribe, mas com características próprias da região).
O brega e o carimbó dominam os palcos e salões paraenses, ritmos que venceram a imensidão regional levados pelas ondas do rádio e pelos canais de televisão. Essas novas tendências musicais se expandiram de fato nos anos 1970, firmando-se nacionalmente com uma nova performance, com muito swing. O brega, que foi inspirando no swing, em especial na música It’s Now or Never, interpretada pelo “rei” Elvis Presley, passou por várias fases de renovação e mudanças rítmicas, firmando-se no plano nacional, em especial no Estado do Pará. O brega ocupa cada vez mais espaço e atenção nas mídias alternativas regionais e nacionais.
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Minha cidade é tão linda
Quando é noite de lua cheia
A maré lançante batendo no quebra-mar
A luz da lua é quem clareia
Bebeto Nandes
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Carnaval
Liesa do Rio de Janeiro adiou os desfiles de 2021, mas ainda não se pronunciou a respeito da nova data do evento.
‘Parece Feitiço’
Título da nova música e videoclipe de Lia Sophia, anunciados para lançamento na sexta (27), em todas as plataformas digitais da artista.
‘Gengebirra’
Nome da tradicional bebida tipicamente amapaense, servida nas rodas de marabaixo, a cultura-mãe do Amapá. É feita com cachaça, gengibre, açúcar e cravinho.
Comprometidos
Calendários de alguns segmentos artísticos e culturais, realizados no primeiro semestre de cada ano, continuam comprometidos para 2021.
Carnaval, ciclo do marabaixo e quadra junina são alguns com dúvida para acontecer.
‘Fonte da Vida’
Título da música do poetinha Osmar Júnior, gravada no disco ‘Piratuba a Cantoria no Lago’, com arranjo do maestro amapaense, Joaquim França.
Bela homenagem aos rios do Amapá.
‘Bento Banto’
Título de uma música de Zé Miguel e Joãozinho Gomes gravada pelo grupo Senzalas.
“A caixa, a murta, o mastro, o santo. A dança, a santa, a cor, o canto. Bento Banto, Bento Banto…”.
Fecant
O cantador da Amazônia, Nonato Santos foi selecionado para a 6ª edição do Festival Canção da Transamazônica, com a música, ‘Estrela da Manhã’.
O evento está agendado para acontecer nos dias 18 e 19 de dezembro, no Centro de Eventos de Altamira, sudoeste do Pará.