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A agonia de Lula

Durante o depoimento do ex Presidente ao juiz Sérgio Moro, apesar das contradições, Lula disse em alto e bom som que será candidato em 2018 e seus seguidores alinham de que é a grande oportunidade do país voltar a crescer.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

O povo tem o governo que merece. Essa máxima corre de boca em boca, refletindo uma verdade verdadeira de que a má escolha dos governantes quase sempre vem, a médio e longo prazos, castigar a má escolha. Isso vem à tona quando está prestes a anunciar que o ex Presidente ainda cobiça o Planalto, embora seja como uma ilha cercada de escândalos por todos os lados, com pequena chance de ser perdoado.

Durante o depoimento do ex Presidente ao juiz Sérgio Moro, apesar das contradições, Lula disse em alto e bom som que será candidato em 2018 e seus seguidores alinham de que é a grande oportunidade do país voltar a crescer.

Tal ideia lembra muito bem um dos livros do suíço Carl Jung, no qual todos os desejos são realizados, independente dos obstáculos. O ex presidente Lula sonhou muito alto no início de seu governo, em 2003, mas por falta de capacidade e a tendência à preservação do poder, acabou frustrando a linha de convergência a um fim deixado pelos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, que ditaram a real dimensão da necessidade de um país continental como o Brasil.

O primeiro choque veio, todos sabem, em 2005, com o Mensalão, vício que já viria a ajudar a socorrer o já desbaratamento da política do governo anterior, precisando ter ao seu lado o voto da maioria dos parlamentares, não para criar novas raízes no emaranhado da política partidária mas, contraditoriamente, estender o domínio geral de poder, sem contudo pensar nas necessárias reformas fundamentais para a harmonia de uma população beirando, na época, aos duzentos milhões de pessoas.

Os efeitos do Mensalão foram nefastos à sociedade que, alheia, continuava a confiar num governo que todos acreditavam ser honesto. Passados os efeitos positivos das ações da política anterior e o declínio das exportações para China, viu-se o país envolto em novo e terrível escândalo, o da Petrobras, cujos tentáculos o país busca cortar e que continua rendendo dividendo negativo. A partir das garras do Petrolão o Brasil ficou manietado, dando a impressão de ser um país com um povo corrupto e sem salvação.

Nos diversos processos em que está envolvido restam poucas esperanças para Luís Inácio Lula da Silva sair ileso desse jogo e ainda pela posição arrogante durante o depoimento, dizendo para o juiz Sérgio Moro que ninguém será capaz de impedir sua corrida ao Planalto em 2018, porque acredita, e o povo confia nele, esse mesmo povo que, como já foi dito, tem o governo que merece. Por mais divergente que seja a opção política de um eleitor ninguém mesmo deixará de lado o discernimento para priorizar e votar novamente no pessoal do Partido dos Trabalhadores, por um lado, pelos caminhos tortuosos em seus anos de governo e, muito mais, pela falência da esperança plantada em 2003, prometida como redenção a todos os erros do passado.


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