A blindagem de Dilma e Lula
O PT não escapa das críticas, não só da oposição, mas até de seus adeptos, analisando que os problemas atuais do país tiveram participação direta da legenda que ostentou grande poder, mas não decisão para evitar o péssimo legado.
Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista
A adoção do impeachment, descontado o desconforto das partes envolvidas no impasse, não conduz a uma solução aplicável em que o maior prejudicado é o país que pouco lucra com a anormalidade democrática.
As manifestações do povo, exigindo melhores condições de vida, tiveram um grau de progressão, desde a primeira, em junho de 2013, contra os preços das passagens de ônibus, apenas um pretexto para reivindicar substanciais mudanças da atuação do governo diante de promessas feitas e não cumpridas, e também pela falta de sensibilidade em decorrência do alheamento aos vitais problemas sociais.
A penúltima manifestação, ocorrida em 15 de março, levou concretamente dois milhões de insatisfeitos às ruas em discordância à leniência com que o governo aceita passivamente a desgraça da corrupção.
Já a de 12 abril colocou em xeque o PT, responsabilizando-o pelo desequilíbrio político e econômico, e apresentando como saída o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O Partido dos Trabalhadores aparece frontalmente atingido por ter reinado muitos anos com uma cara diferente daquela que no início propôs mostrar ao povo.
O PT não escapa das críticas, não só da oposição, mas até de seus adeptos, analisando que os problemas atuais do país tiveram participação direta da legenda que ostentou grande poder, mas não decisão para evitar o péssimo legado.
A presidente Dilma, indiferente às crises, tendo conhecimento dela, não teve pulso ou foi mal assessorada, permitindo uma cadeia de desacertos com grave malefício ao partido que hoje patina sem identidade e com acentuado crepúsculo no seu lulismo.
A corrupção crescente s misturou sem controle, assemelhando a combinação siamesas nas regras do petismo.
Dono de máquina gigantesca neste imenso Brasil , o PT misturou o público e o privado, como se fosse, propriedades únicas, e daí derivou o Mensalão, depois, o Petrolão que, somado a escândalos menores, vieram à luz não sendo mais como seres escondidos. A ideia que nunca jamais em tempo algum se combateu tanto a corrupção, como agora, desaparece no elementar argumento de que antes não havia tamanho desvio como agora nas contas públicas.
Os ruídos de 12 de abril foram usados em outra direção, ou seja, na busca do impeachment. No caso presidente do Collor, a decisão decorreu das suas supostas irregularidades. No caso de Dilma, os mais eminentes juristas advogam que para chegar ao afastamento teria a necessidade de responsabilidade direta da presidente Dilma, o que até agora não se conhece.
Os 63% decorrentes da aceitação dos populares na caminhada de 12 de abril pode influir na vontade do povo, mas juridicamente, dizem os mestres, não têm força para instauração de inquérito, visando o impeachment, pois como já foi dito, só através de culpa consagrada juridicamente levaria a presidente Dilma às barras dos tribunais.
Claro que as ruas vão apressar soluções, seja do afastamento ou de outro modelo que garanta a normalidade ao país e o livre do incômodo de ser visto como um dos mais corruptos do mundo. Os 202 milhões de habitantes do Brasil desejam um país próspero , ordeiro e soberano.
Dilma, ao que parece, vai dirigir por mais tempo o país, e não se vê no horizonte nuvens que ameacem o invólucro em torno dela e do ex presidente Lula, blindados, e conduzido por uma política arquitetada para durar, no mínimo, duas décadas presumíveis.
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