Adilson Luiz Gonçalves – Professor Universitário (Colaborador)
Tolerância, conivência e omissão Algumas generalizações estão bem próximas da realidade! É o caso, por exemplo, dos que consideram seus “direitos” e conveniências superiores aos de outros. Alguém, aí, já teve a experiência de responder: “Sim!” àquela pessoa toda simpática e sorridente que pergunta: “Incomoda se eu fumar?”? Em caso positivo, não houve […]
Tolerância, conivência e omissão
Algumas generalizações estão bem próximas da realidade! É o caso, por exemplo, dos que consideram seus “direitos” e conveniências superiores aos de outros.
Alguém, aí, já teve a experiência de responder: “Sim!” àquela pessoa toda simpática e sorridente que pergunta: “Incomoda se eu fumar?”? Em caso positivo, não houve uma imediata alteração de humor do dito cujo?
O mesmo vale para quase todos os que se aproximam alegres e simpáticos para, “quebrado o gelo”, pedirem que você compre, compactue, experimente, tolere ou “dê um jeitinho”.
Se houver afinidade de interesses, será “juntar a fome com a vontade de comer”, para o bem ou para o mal. Senão…
Maniqueísmo? Bem, experimente dizer: “Não!”, mesmo com educação e dialética!
Com raríssimas exceções você será taxado de intolerante, egoísta, preconceituoso, pecador ou sei lá mais o quê, quando, em verdade, é o outro que tenta alcançar maliciosa ou viciosamente um interesse: você é apenas um meio ou potencial cúmplice!
De outra parte, há pessoas que fazem qualquer coisa para serem aceitas ou justificadas; naus à deriva que aceitam qualquer “piloto” que lhes trave um rumo e lhes afague o ego, em troca de cumplicidade ou conivência.
Juntas, cobrarão tolerância dos outros, mas serão incapazes de controlar seus instintos e vontades, priorizando-os até de forma acintosa e provocadora, buscando impor seus conceitos e vontades. Alguns pagam para realizar suas vontades! E sempre há quem aceite o preço.
Foi assim que nosso país chegou ao lastimável estágio atual! E o país é apenas um reflexo de uma parte infelizmente significativa da sociedade, que quer direitos sem deveres, e vantagens sem merecimento ou contrapartidas, cada vez mais hedonista, egoísta ou oportunista.
Não se trata de uma opinião puritana, mas de uma percepção pessoal da atualidade, mas que também é histórica. Afinal, sempre houve alguém disposto a pagar por facilidades ou desejos, e não poucos tirando proveito ou aceitando, silentes, tolerantes, coniventes ou omissos, seus desmandos, irreverências ou excentricidades.
A alienação e a hipocrisia permeiam mentores e seguidores, que ignoram quão ambíguos e incoerentes se tornam – se já não o eram – na invocação de seus “direitos”.
Sentir-se-ão incomodados – até vítimas! – por incomodarem; só aceitarão as regras com as quais concordarem; tentarão aliciar novos adeptos, para tornar o irregular em uso e costume; dirão como as regras deverão se adaptar às suas vontades, para também descumpri-las ou novamente alterá-las. Tudo para “serem felizes” em seus projetos de vida! E qualquer um que questione suas atitudes será, no mínimo, inconveniente: um chato!
Quem se posiciona contra “pancadões”, algazarras, irregularidades e corrupção é chato? Se for, antes ser chato do que tolerante, conivente ou omisso!
Está na hora dos que conhecem seus direitos e deveres – e os praticam – abolirem a nefasta expressão: “Os incomodados que se mudem!” para “Os que incomodam que mudem!”, mesmo que seja apenas de atitude.
Isso vale para o país, para cada grupo social e para cada indivíduo!
Senão, continuaremos a ser vítimas conscientes de outra generalização nefasta: “Quem cala consente!”, e a coisa ficará cada vez mais ruça, como dizia Renato Russo: “Olha a nossa vida como está!”. No entanto, eu também “sei que um dia a gente aprende” que o respeito não é para ser exigido, mas merecido! E não existe respeito sem reciprocidade.
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