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Brasil tem torcida, mas falta escola

Claro que já se viu ser um direito até patriótico do povo. Mas a ideia deste momento não é de críticas ao futebol do país, mas de puro momento de reflexão quanto ao seu valor.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

o mundo esportivo, às vezes, se algum fato parecer ofensivo à sensibilidade daqueles que se dizem esportistas, mas, na verdade, o fazem apenas por devaneio, sem o conhecimento que a área exige, reserve-se. Agora, por exemplo, se espalha pelo Brasil inteiro a ideia de que o futebol brasileiro vai trazer da Rússia o ambicionado título do hexa, que fugiu há quatro anos de forma melancólica. Contudo, é mais que um direito inalienável do torcedor esgoelar pelas esquinas que o futebol brasileiro é o mais forte e lindo do mundo.

Claro que já se viu ser um direito até patriótico do povo. Mas a ideia deste momento não é de críticas ao futebol do país, mas de puro momento de reflexão quanto ao seu valor. O título de pentacampeão conquistado prova a ascendência da atividade, mas vale aqui suscitar um detalhe que requer minuciosa apreciação para situar o porquê do futebol do país exibir essa alta qualidade. Falta dizer que o povo faz sua parte aplaudindo os heróis e, por eles, até brigar. Mas, aí, eis a questão que fez os sucessivos governos para se orgulhar tanto de uma atividade que enobrece o país? Nada.
O problema aqui não é suscitar polêmica em momento em que o povo está antegozando a esperança de gritar em pleno pulmões a vitória nos campos da Rússia. O que se questiona, então, é que o país e seus dirigentes fizeram pouco para ter a graça de uma guerra com perspectiva vitoriosa. Vejam o que disse o introdutor do judô no mundo, Jigoro Kano, definindo o esporte: “Devemos nos lembrar que a essência do esporte não está nas marcas, no escore, mas nos esforços e na habilidade dispendidos para atingi-los”. Esporte é isso, orgulho e vitória, grande meta de todos os seres humanos. Pergunta-se, no campo educacional, qual a contribuição dos governos para, agora, receberem a glória por uma atividade para a qual pouco contribuíram?

O ponto chave da questão é saber qual a recompensa que governos do país esperam receber pelos louros de tantos prêmios. Quem vive o dia a dia do esporte brasileiro nos últimos 60 anos, acompanhando seus passos, tem a dizer que pouco ou nada fizeram no segmento educacional para projetá-lo e merecer as vitórias. No esporte, como disse o campeão da natação Gustavo Borges: “A prática esportiva também ajuda para um mundo melhor, com tudo de bom que traz para nós, em saúde, autoestima e espírito de equipe”. A formação nas escolas vive estagnada. O início do jovem acontece sem regras e o resultado nunca é o melhor, mas empírico.

A esperança do hexa é a uma explosão do povo que acredita em todo momento na vitória e está pronto para soltar a voz. O trabalho de preparação de um povo para entender bem seus valores começa como se diz com pleonasmo, no início, ou seja, congregando a base maior, no caso, a juventude, com propósito de incutir nela o amor pela Pátria. Na área escolar, isso, aliás, não é feito, é desvirtuado por completo, sem o ensinamento que, mais tarde, irá conduzir o cidadão a gritar, com convicção, pelo hexa, apoiado no sentimento enraizado aprendido nas escolas e saber gostar de tudo que se refere à sua Pátria, hoje dividida e esperando o hexa que pode vir ou não. Vamos torcer, independente de ter aprendido nas escolas como se monta um país.


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