‘Carne Fraca’, retrato do Brasil
O que os mecanismos vêem não é segredo para ninguém, muito mais para a população que, nesta hora, lamenta a dúvida que persiste em cada um resultante das ações boas e legítimas em favor de um gigante que parece viver
Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista
O triste episódio da ‘Carne Fraca’ com reação violenta dos países do mundo inteiro sobre a realidade brasileira no aspecto social despertou no orgulho do povo o sofrimento de perda por viver num país rico e invejado por muitos pelas riquezas físicas que possui. O último relatório da ONU sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), divulgado dia 21, para todo o mundo ver coloca o Brasil no 79º lugar, no universo de 188 países, com 0,74% de negação.
O que os mecanismos vêem não é segredo para ninguém, muito mais para a população que, nesta hora, lamenta a dúvida que persiste em cada um resultante das ações boas e legítimas em favor de um gigante que parece viver “eternamente em berços esplêndidos”, esperando ser despertado por uma classe política cujo modus vivendi resolveu tirar proveito do estado de inanição localizada na classe mais pobre da sociedade, miséria essa que a ONU destaca como “luz amarela e que falta muita coisa para ser feita”.
Por mais que se suavize a responsabilidade da classe política do Brasil, envolvendo todos desde priscas eras, aonde o objetivo maior consistia em tirar proveito com a enganação de prometer e enganar sem a intenção real de converter o país na sua grandeza. O tempo passou e o Brasil experimenta as conseqüências da falta de ações positivas, em abandono ao perfil de corruptos, no qual perde a confiança de um país soberano.
A história brasileira está repleta de passagens marcantes, sendo uma delas a de Dom João VI, que falou ao filho Pedro I, alertando-o de que “se o Brasil vier se separar de Portugal põe a coroa na cabeça antes que algum aventureiro lance mão dela”. Por mais que se fuja à comparação, desde 1822 o país fica à espera de alguém que coloque, efetivamente, a coroa na cabeça e o faça situar-se entre os dos Primeiro Mundo.
Os últimos 56 anos foram de várias rupturas – João Goulart, Jânio Quadros, Fernando Collor , Dilma Rousseff –, todas com histórias diferentes, entretanto misturando o desejo da Nação com desígnios pessoais. Recentemente a coroa foi passada para uma cabeça com horizonte limitado, e o resultado, constata-se, foi o aviltamento do conjunto de forças capazes de elevar a autaestima da população. Não há que contestar dados da ONU, mesmo ferindo o bom brasileiro enganado, apesar de atentar para suas obrigações como cidadão.
Esta situação deixa o Brasil num combate parecido ao do cabo de guerra em que cada lado procura impor sua maior força, pouco se importando com a parte perdedora. Em qualquer disputa, normalmente, há um vencedor. O lado vitorioso esbarra sempre com a má vontade do lado perdedor que, triste e infeliz, não se contenta com o sucesso de quem quer que seja e, aí, o bom é trabalhar contra, como parece ser o modelo atual do país.
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