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Formas históricas de governo

A sociedade brasileira não pode mais aceitar os chamados PFs, os pratos feitos, alguns até de muito mau gosto e distanciados de nossa realidade.


O mundo experimentou nas últimas cinco décadas diversas formas políticas de governo. O que chama a atenção nesse processo histórico é como essa sistemática de políticas públicas muda em cada canto do mundo para melhor ou para pior. Quem nos remete a essa reflexão é Evert Vedung, professor emérito na Universidade de Upsala, Suécia, mundialmente consagrado como uma das maiores autoridades em avaliação de políticas públicas. É dele a conhecida tese das Quatro Ondas de Avaliação, processos de avaliação de políticas públicas experimentadas nas últimas cinco décadas.

De acordo com Vedung, a Primeira Onda, a Científica, originou-se nos anos 60. Um de seus elementos centrais é o compromisso de fundamentar a avaliação em métodos científicos.

A Segunda Onda, a Democrática, foi disseminada na década de 70, e tem uma perspectiva crítica em relação à primeira onda. Ela preconiza avaliações democráticas participativas. Envolve várias vozes e não só a voz da ciência. E é a sociedade que atribui um valor ou mérito a um programa de seu interesse.

A Terceira Onda, chamada de Neoliberal, ganhou espaço nas décadas de 70 e 80, por meio do New Public Management. Seu objetivo foi estabelecer um conjunto de incentivos econômicos para os cidadãos e a burocracia atuarem, focada na descentralização, na desburocratização, competição, desregulação e privatização.

A Quarta Onda é baseada em Evidências. Surgiu na década de 90. Ela busca desvendar evidências sobre a efetividade, eficiência e eficácia de um programa. Trocando em miúdos, visa avaliar pé no chão se determinado programa funciona e vale a pena do ponto de vista político, social e econômico. Apela para um exercício de interferência causal, delineamento experimental com atribuição aleatória. Na avaliação do emérito pesquisador a Quarta Onda inovou ao proporcionar um conjunto de técnicas econométricas para distinguir relações de causalidade e ao propor as chamadas revisões sistemáticas.

Na minha avaliação pessoal continuo com a certeza absoluta de que a melhor forma de governança é justamente a de ouvir in loco (no local, pessoalmente) as principais aspirações da comunidade, para depois, tecnicamente, transformá-las em metas prioritárias executivas de governo. A sociedade brasileira não pode mais aceitar os chamados PFs, os pratos feitos, alguns até de muito mau gosto e distanciados de nossa realidade. Não pode mais se deixar dependente, escrava de esmolas e do bom humor das promessas políticas. Visualizar as verdadeiras carências e vocações regionais e potencializar essas vocações são as molas mestras desenvolvimentistas para quem deseja fazer um bom governo e marcar seu nome na história.


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