Icomi: retalhos da história, mina, mineração e beneficiamento (Final)
A atividade da mineração se desdobrava em preparação da jazida, decapagem, desmonte, fragmentação secundária, carregamento e transporte para a usina de beneficiamento.
José Vergolino Ortiz
Articulista
Centenas de engenheiros e técnicos brasileiros e estrangeiros, e milhares de operários brasileiros oriundos de todos os recantos do país trabalharam ininterruptamente sob as pesadas chuvas do Inverno amazônico e a inclemência do Sol equatorial durante 30 meses. Em julho de 1956 o sistema de mineração e beneficiamento estava implantado e testado aguardando funcionamento regular. A Foley, por esse trabalho, recebeu 4.300.000 dólares, incluído o prêmio por antecipação. Havia sido desmatadas e decapadas as primeiras áreas a serem mineradas, abertas as estradas de acesso e circulação, dimensionado o quadro de pessoal, os equipamentos e as máquinas pesadas, os veículos leves e auxiliares, e concluído o plano de lavra, cuja maquete permaneceu exposta durante anos na entrada da sala do gerente no escritório central de Serra do Navio.
A atividade da mineração se desdobrava em preparação da jazida, decapagem, desmonte, fragmentação secundária, carregamento e transporte para a usina de beneficiamento. Durante quatro décadas de atividades minerárias a extração foi processada em várias frentes, simultaneamente. As primeiras minas lavradas foram a T-4 e T-6 . As minas T-1, T-2, T-3, T-5 e T-9, pela proximidade e para facilidade de controle, passaram a ser conhecidas como T- 20. Na sequência sucederam-se as minas , A-3 , C-4 , C-2 e C-10 = ( C-4+C-6 ) , C-5 , F-12 = ( F-1 + F-2 ), T-11, T-8 e finalmente os rolados da T-20.
Os prefixos das minas A, C , T e C homenageavam : ‘A’ doutor Antunes, acionista principal ; ‘T’ de Terezinha, esposa do senhor Williams garimpeiro, vindo das Guianas, talvez o primeiro a garimpar na região de Serra do Navio; ‘F’ de Farias , dono do banco da Lavoura de Minas Gerais, que financiou as primeiras atividades da Icomi do Amapá ; ‘C’ de origem desconhecida.
As técnicas básicas de mineração consistiam em abertura de estradas com tratores e bulldozers e a construção de platôs horizontais com até 7.5 m de largura, circundando as encostas para possibilitar o acesso as escavadeiras, carregadeiras , caminhões fora de estrada e trabalhadores. A altura dos bancos era consequência das escavadeiras, normalmente 6 metros. Todo esse desenho obedecia necessariamente ao plano de lavra cuja finalidade básica era ordenar a mineração ao menor custo. A distância média entre as frentes de lavra e a usina de beneficiamento era de 4 quilômetros . Na década de 1970, a de maior produção da mina , chegou-se a movimentar 23.000 toneladas/dia de minério em regime de 24 horas . Em dezembro de 1997, quando a Icomi deu por encerrado a atividade operacional da empresa haviam sido extraídas 60.000.000 de toneladas brutas de minério .
A unidade de beneficiamento foi instalada numa encosta de morro de forma a se beneficiar dos efeitos da gravidade ao longo do processamento altamente mecanizado. Os principais componentes do processo eram : britadores mecânicos primário (cônico) e secundário (mandíbula), lavadores , classificadores , peneiras vibratórias , concentradores , sete sistemas de correias transportadoras que interligavam os componentes , recuperador de água do processo, guindaste , dois silos de 550 toneladas para minério grosso , um silo de 500 toneladas para finos e um silo de 100 toneladas para rejeitos. A capacidade nominal da usina era de 800 toneladas/hora. Para apoiar a produção , nas imediações do sistema de alimentação existiam oficinas mecânica e elétrica e almoxarifado de peças e sobressalentes.
Até 1982 a usina foi movida por 3 geradores a diesel de 800 KV / cada. A partir dessa data passou a ser alimentada com energia da hidroelétrica Coaracy Nunes.
Dimensionada para produzir até 1.6 milhão de toneladas , em alguns anos superou a marca de 2.0 milhões toneladas /ano.
A qualidade da produção era acompanhada por amostragens sistemáticas e análises no laboratório químico específico da mineração.
Após o processo de beneficiamento o minério transforma-se em um produto de coloração uniforme apresentando-se em partículas que variam de 3” a ½”. Entretanto, a produção obedecia sempre as especificações granulométricas e químicas ditadas pelos clientes compradores .
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