Icomi: retalhos da história, mina, mineração e beneficiamento (I)
Em 1945, Mário Cruz, pequeno comerciante regatão no Araguari e Amapari, apresenta ao interventor capitão Janary Nunes aglomerados de material escuro e pesado colhidos na margem do Amapari para servir de lastro à sua pequena embarcação.
José Vergolino Ortiz
Articulista
No trabalho ‘Recursos minerais do território federal do Amapá do Amapá’, página 4, publicado na imprensa oficial do Rio de Janeiro em 1948, o geólogo alemão Fritz Louis Ackerman, contratado do governo do território, registra com clareza: “Cabe ao Dr. Josalfredo Borges a primazia na descoberta de minérios de manganês no rio Amapari, em 1934”. Tive a feliz oportunidade de conversar com o engenheiro de minas e civil Josalfredo Borges no escritório da Caemi no Rio de Janeiro, quando acertamos o patrocínio da Icomi na publicação do livro “A descoberta do manganês, reminiscência de uma epopeia”, de autoria do engenheiro.
Em 1945, Mário Cruz, pequeno comerciante regatão no Araguari e Amapari, apresenta ao interventor capitão Janary Nunes aglomerados de material escuro e pesado colhidos na margem do Amapari para servir de lastro à sua pequena embarcação. Enviado ao DNPM no Rio de Janeiro, o material foi identificado como manganês de muito boa qualidade. Estava descoberto o manganês de Serra do Navio.
Por recomendação do geólogo Glaycon de Paiva, do Departamento Nacional de Produção Mineral, as jazidas foram declaradas “RESERVA NACIONAL” pelo Decreto Lei Nº 9.858 de 13 de setembro de 1946, assinado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra.
Seguiram-se a concorrência pública vencida pela Indústria e Comércio de Minérios S/A (Icomi) e a autorização federal para o governo do Território assinar com a empresa contrato de prospecção e aproveitamento da reserva.
Constatada a existência de 10.600.000 de toneladas medidas de minério, mínimo necessário à viabilidade econômica do projeto, em maio de 1950 o contrato original foi revisto, definindo com detalhes as obrigações das partes e estabelecendo prazos para a execução das diversas etapas do projeto.
Duas áreas contíguas foram concedidas ao empreendimento: uma de 2.500 hectares para a mineração e, outra, de 2.320 hectares destinada à instalação da infraestrutura industrial, social e proteção.
O manganês do Amapá faz parte do Planalto das Guianas e está inserido no distrito mineral do Vila Nova. O polígono mineral, concedido tem oito quilômetros de extensão por três de largura e corta transversalmente o rio Amapari a duzentos quilômetros de Macapá.
A Icomi e o Brasil não possuíam experiência suficiente para projetar e construir o complexo, integrando a mineração, o beneficiamento, o transporte ferroviário e o porto de embarque de minério do que viria a se constituir no primeiro grande empreendimento industrial bem sucedido da Amazônia. Diante dessa realidade, em janeiro de 1954 a Icomi contratou a empresa norte-americana Foley Brothers Inc. para executar esses serviços espinha dorsal do empreendimento.
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