Leitura, alma de uma Nação
A questão tem como ponto de partida o distanciamento das pessoas pela leitura, que estimula a criatividade e a colocação do homem no seu mundo social.
Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista
Não há nada de inovador se afirmar que o progresso é uma faca de dois gumes, um que o alavanca e, outro, ao contrário, põe em cheque o desenvolvimento, ofertando em troca o que se poderia traduzir, paradoxalmente, como atraso. É o caso da televisão associada à internet que passou a ser um obstáculos à mente que, por natureza, já se acomoda e que é preciso ação para despertá-la e absorver sua grande extensão.
A questão tem como ponto de partida o distanciamento das pessoas pela leitura, que estimula a criatividade e a colocação do homem no seu mundo social. A mais leve pesquisa sobre leitura coloca o Brasil numa posição de 27º, em desvantagem aqui na América do Sul, perdendo para a Venezuela e a Argentina. A estatística revela que o brasileiro lê apenas quatro livros por ano, enquanto a França chega à média de 20, no mesmo período. Aliás, analisando esse modelo praticado no país, o resultado é visto muito mais do que natural, pois nunca houve um estímulo para tornar um país feliz no tocante à leitura para sua população. O foco desse artigo é colocar em evidência o que se passa na cidade de Macapá, onde as bancas de jornais estão jogando o boné, porque o índice de compras de jornais e revistas é absolutamente fraco, levando os proprietários dos estabelecimentos a fecharem suas portas e procurar outro meio de vida.
A consequência é inevitável, pois é raro se encontrar alguém nas ruas levando um diário ou mesmo revistas debaixo do braço, o que traduz o falecimento do sistema. O interesse da grande massa da população quanto à questão da leitura é absolutamente desprezível.
O processo iniciação da leitura sugere o estabelecimento de programa, principalmente nas escolas, locais ideais para formatação de uma filosofia para atender o futuro leitor. Acredito que nos países líderes mundiais onde a leitura tem prioridade esse trabalho é feito com prioridade, pois dessa semente, aparentemente desprovida, acaba resultando em positivo benefício para a cultura e, ainda mais, para a satisfação do povo.
O quadro apresentado quanto às lojas reservadas à venda de revistas estarem fechando passa ao longe do que acontece em vários países, onde o hábito da leitura é estimulado e oferece como contrapartida um sistema social organizado e com bom motivo para se estabelecer a harmonia entre a sociedade.
Que bom se pudéssemos acompanhar o que acontece entre países como a Índia, que é a líder de leitura do mundo, seguida da Tailândia, China, Filipinas e Egito.
Para mudar esse quadro em que o Brasil praticamente não estimula a leitura de seus cidadãos ainda é tempo de enveredar para outro caminho, criando biblioteca nas escolas e, ao mesmo tempo, tornar as aulas de literatura com peso compatível à sua importância. Sabe-se hoje que quem lê sabe mais. Além dos aspectos culturais, resta, sobretudo, o prazer pessoal pelo mundo que os livros oferecem, principalmente aqueles fundados, seja na ficção ou mesmo no aspecto histórico e didático. Detalhe: por muito tempo fui com outros colegas da minha geração, rato dos sebos locais em que as livrarias colocavam à venda livros usados. Hoje esses estabelecimentos são raros e não sei se ainda existem, mas lá comprei por 10 ou 5 cruzeiros O Vermelho e Negro (Stendal); Educação Sentimental, de Flaubert; Mobi Dick ( Melville); Retrato de um Artista Quando Jovem ( Joyce); Sinfonia Pastoral (Gide); Em busca do Tempo Perdido (sete volumes); (Prost); Jean Christopher (Romain), documentos da genialidade dos seus autores hoje colocados no pedestal da glória.
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