Mundo pelo avesso
As tragédias que tomam conta do mundo se avolumam de forma incontrolável, fazendo as pessoas de bons sentimentos temerem quanto ao futuro da vida pessoal e que a humanidade pelo jeito caminha para se afogar em sangue.
Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista
Houve tempo em que uma grande legião de pessoas, inclusive este simples articulista, acreditava que o mundo era formado por 90% de pessoas boas. Os 10% restantes representavam o lado ruim da vida. Hoje, parece que esse universo de bondade representado pela maciça maioria está perdendo espaço para o antes percentual insignificante. Já se diz superior a meio a meio, e até bem próximo disso.
As tragédias que tomam conta do mundo se avolumam de forma incontrolável, fazendo as pessoas de bons sentimentos temerem quanto ao futuro da vida pessoal e que a humanidade pelo jeito caminha para se afogar em sangue. O Brasil, infelizmente, segue as pegadas da violência que contabiliza milhares de homicídios, estatística em desacordo com o espírito pacífico do seu povo assustado pela rotina criminosa que não mais distingue até gente da família. Os limites da violência, principalmente o desprezo pela vida humana, atingiram grau que nem Nostradamus colocou em suas profecias sobre a insanidade dos dias atuais.
Não foi só Nostradamus que imaginou antecipar tragédias, como também o escritor inglês Aldous Huxley, que no livro Admirável Mundo Novo, de 1932, profetizou os momentos de angústia dos dias de hoje, deixando para a posteridade o perfil da sociedade moderna, escrevendo que “entre o moderno e o atrasado nas críticas pungentes ao desenvolvimento prodigioso da ciência que, ao contrário de promover benesses à sociedade, contribuiu para o surgimento de diversos problemas de ordem social que, posteriormente, não seriam resolvidos”.
No livro também vem reduzido o conceito de família, mostrando que ele não existe. Fala-se hoje que o progresso, como previu Huxley, trouxe grande parcela de infelicidade, que se extravasa na violência. Na outra ponta da questão, o mundo se enche de esperança quando a Igreja se conduz através de seu pontífice ditando mensagem de que o ser humano nasceu para servir, não para ser servido.
As boas mensagens, porém, encontram obstáculos que vêm desde a pobreza, das drogas, dos vícios e da falta da boa relação com a religião.
A mídia, cuja função é retratar o fiel comprimento nas interrelações humanas, não deve e nem pode ser omissa quanto à passagem da vida diária em que um ser humano adjetivado de pessoas, assassina por ódio e desvario, por exemplo, uma criança no alvorecer da vida e que tinha o direito sagrado de viver.
Como dever, a mídia retrata o sempre os acontecimentos oriundos da intenção do alucinado ditador da República Democrática da Coreia do Norte, com população de mais de 23 milhões de habitantes, num território minguado de 120 mil quilômetros quadrados e que ameaça tocar fogo no mundo com suas armas nucleares, insensibilizado pela dores das duas grandes guerras mundiais com milhões de vidas penosamente perdidas. E ainda tem na vitrine Donald Trump, com bravatas irracionais.
Estranha-se que se o mundo não der um sinal de alerta para acabar com a violência, a violência acaba com o mundo. Aos brasileiros interessa-nos identificar os males que intranquilizam o povo. A impunidade, o corporativismo e gestão pública não levados a sério são ingredientes que estimulam o vandalismo e a intolerância, primos irmão da violência.
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