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O cerco a Eduardo Cunha

Nas quatro verdades de Buda sobre o sofrimento há uma que fala sobre o andamento correto das ações e, no caso de Cunha, só ele foi incorreto, aplicando-lhe, afinal, o banimento de seu casulo.


Ulisses Laurindo – jornalista
Articulista

O título do artigo sobre o ex presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha pode insinuar simpatia pelas manobras descobertas durante sua vida de parlamentar. Dou outra conotação à palavra simpatia, dando, porém, a ela, também um sentido de que houve a alegação de que tudo que falara não era verdade e, no fim, prevalecia, como prevaleceu, a verdade dos acusados.

Nas quatro verdades de Buda sobre o sofrimento há uma que fala sobre o andamento correto das ações e, no caso de Cunha, só ele foi incorreto, aplicando-lhe, afinal, o banimento de seu casulo.
O que se questiona, recorrendo à eterna visão de Sidarta Gautama, é que só a mentira de Eduardo Cunha valeu para o Congresso, enquanto muitos dos seus pares repetiram o mesmo diapasão e, hoje, não estão sendo castigados na mesma proporção do deputado do Rio.

Na mesma situação de EC está outra linhagem que continua a esperar que suas mentiras sejam convertidas em verdades. Não dá para relacionar os mesmos que têm semelhança à situação de Cunha. E sem cessar, continuam a repetir suas verdades.

O pecado ou a coragem de Cunha se caracteriza pelo andamento ao pedido de impeachment da Dilma Roussef, decisão que levantou contra ele uma tropa de choque liderada pelo PT e seus simpatizantes, e mesmo até nos altos tribunais da República. Tivesse o deputado aceitado a demanda que lhe propunha de deixar o barco correr como queria o comando em chefe da Nação, hoje sua situação seria diferente e, até, naturalmente, cobiçado para um alto cargo na República, e com isso tudo acomodaria com avassalador desemprego e o Brasil sem rumo.

O que digo não teria ocorrido se, nos últimos anos, não houvesse no país a devassidão moral em que o objetivo maior era buscar o melhor para os grupos, pouco importando a falência na ética e no moral, símbolo que não pode estar ausente em nenhum povo que não vive sem respeito e gratidão.

Talvez hoje seja difícil inocentar grupos de parlamentares e executivos que misturaram deveres público com o privado. A origem foi a ascensão e o populismo do ex presidente Lula, que desconhecendo a importância de dirigir um país, arvorou-se no paladino do mundo, propondo-se como imagem de estadista. Falhou na sua missão e, irresponsavelmente, concordou em sediar competições mundiais de altos custos, como o Pan-Americano (2007), Copa do Mundo (2014) e Jogos Olímpicos (2016.) Para corresponder a todos os gastos os países têm que ter infra-estrutura e valores de poupança interna. Daí surgiram as empreiteiras, as propinas e a desordem na vida nacional, onde não se distinguem a verdade e a mentira.


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