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O Supremo visto por dentro

Nicolau Maquiavel, em 1469, deixou também um tratado político, no qual parece que os políticos viraram as costas para as doutrinas.


Ulisses Laurindo
Articulista

Acredito que jovens com idades iguais à minha jamais tenham vivido crises política e financeira como o Brasil atual, período onde as regras da República são invertidas e a violência toma conta de tudo, estiolando a vida nacional, denegrindo toda a sociedade e fazendo lembrar o que escreveu Montesquieu (1748), no Espírito das Leis, que a devassidão começa sempre pela corrupção dos princípios. Hoje, no Brasil, a ausência de princípios afeta a vida da população, face à contínua promiscuidade por parte das autoridades que são novamente lembradas no Espírito das Leis, no qual “o amor à Pátria é amor à igualdade”.

Nicolau Maquiavel, em 1469, deixou também um tratado político, no qual parece que os políticos viraram as costas para as doutrinas.

Com isso, estamos intimamente ligados aos descaminhos nacionais comuns, e radicado pelo país afora, deixando claro a grave falta de princípios na aplicação das leis, a Bíblia de todos. Nunca jamais em tempo algum o Brasil se deparou com a fragilidade dos juízes aos quais cabem impor e respeitar as leis. Desde o período do Mensalão, em 2005, que as opiniões dos julgadores definiam menos as causas em questão do que propriamente o alinhamento da questão jurídica. As decisões do plenário encontravam sempre a manifesta defesa dos infratores com visível desconforto para os demais ministros, principalmente o presidente de então, Joaquim Barbosa.

A mesma tendência de favorecimento ocorreu no impeachment de Dilma Rousseff, pela decisão de Ricardo Lewandowski, absolvendo a julgada, com discordância e quebra geral do procedimento normal, mediante o que determinava a lei. Ali, entretanto, Ricardo Lewandoski era um simples juiz, não ferindo a postura do STF.

Toda a população percebe que existem no Supremo divergências entre os juízes, ferindo a ética da magistratura.

Diante de tal parcialidade, 294 mil assinaturas pedem o impeachment dos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, o primeiro responsável pela soltura de José Dirceu.
Dirceu foi condenado a vários anos e, para surpresa do povão, foi contemplado pela Justiça. Mais uma vez cabe a reflexão de Montesquieu de numa República tem que haver um corpo bem formado que constitui um poder soberano que equivale à plena democracia.

Nos últimos anos o povo acompanhou tristonho a farra dos políticos que transformaram este país rico e milagroso num pantanal de sofrimento, embora seja formado por mentes limpas e comprometidas para formação de um povo para viver dias melhores. Culpar este ou aquele ministro em retribuição à nomeação para o cargo poderia ser julgado como gratidão, o que, na verdade, significa fragilidade dos responsáveis pela fiel aplicação das leis. A ideia de nomeação através de outro meio substituindo a indicação do Presidente poderia ser através de concurso, como norma mais aceita. A indicação dos presidentes é costume nos países de plena democracia, inclusive nos Estados Unidos. O mal não está no tipo de nomeação, mas no caráter de cada um, pois o certo é cumprir a atuação institucional, oferecendo aos países melhor segurança necessária.


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