Os dois mundos do Brasil
Eram imagens que, ao cabo, traduziam o mais belo sentimento humano e o bem-estar das pessoas aonde a lealdade sempre foi o fruto do próprio viver entre os seres humanos.
Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista
O mundo conhece bem os irmãos Grimm – Jacob e Wilhelm –, contistas da literatura alemã responsáveis pelas obras de arte mais criativas e marcantes na área das publicações infantis, cada qual mostrando os ângulos da vida, uns com crianças tristes, outros cheios de alegria num espetáculo de encantamento até hoje presentes na memória de quem um dia buscou lazer nas histórias de Rapunzel, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Branca de Neve, para o encanto da vida.
Eram imagens que, ao cabo, traduziam o mais belo sentimento humano e o bem-estar das pessoas aonde a lealdade sempre foi o fruto do próprio viver entre os seres humanos. A época era 1812, e os personagens seguiam os exemplos mais sadios, sem trapaça, ambição, vaidade, traição, mentira e outros símbolos negativos hoje tão presentes nas gerações modernas. Vale a pena recordar sempre os modelos sadios dos personagens dos Irmãos Grimm, de saudável recordação.
A comparação do período dos Irmãos Grimm em relação ao de hoje não comporta qualquer avaliação, pois as virtudes de uns não se ajustam aos pecados de outros. A vigência dos contos era o ano 1812 e a trama buscava sempre um fim alegre, na qual a lealdade primava como o compromisso maior da vida.
O momento atual no Brasil se diferencia ao que se apresentava nos contos alemães. O que não se entende é que os personagens de agora não têm respeito aos princípios ético e moral, e o número de autoridades do alto escalão envolvidas em trapaças e em várias outras manobras da Lava Jato, atuando contra um povo indefeso, cuja única culpa foi não saber votar certo.
A associação entre os dois casos, entre a decência e a sujeira, realmente não comporta relação, por ser naturalmente distinta. No caso da ficção, admite-se imaginação, mas se tratando de ações envolvendo vidas humanas, tudo muda de figura e se torna mais grave o resultado final.
Quando a ex presidente Dilma Rousseff deixou o governo gritava para todo mundo ouvir que estava sendo vítima de um golpe, a princípio ecoando uma estranha defesa. Hoje, entretanto, acredita-se que o grito era real, pois ela sabia estar vivendo num meio muito podre.
Os contos de Grimm levavam a mensagem de confraternização e, ao fim, sempre prevalecia o acerto da concórdia e da harmonia em torno da vida, representando o que ela é realmente na realidade. No campo político do Brasil as tramas são de verdade em busca do poder e, para tanto, o caminho certo é mentir, roubar, sem atentar para a obrigação que tem como dever de servir o povo.
Toda crise tem a perspectiva de logo chegar ao seu fim. Mas na presente História do Brasil o presente é distinguir a luz no fim do túnel, com as eleições em 2018 e colocar ali no pedestal alguém diferente. Mas a crise e o interesse vinculado de quem dirige o leme tem que escolher alguém que possa sustentar nos ombros a carga estranhamente pesada. Os inconsequentes falam até em Lula, que já passou pelo trono e desregulou a máquina, e pensa voltar para empurrar de vez o país, no abismo e, pior, com o voto dos aloprados.
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