Temer, a bola da vez
Claro que a corrupção é a destruidora da paz social, tendo que ser banida para sobrevivência da sociedade. Mas todos os pecados cometidos por Temer respondem pela atual crise ética e moral do país?
Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista
Desde que o homem começou a habitar a terra, há milhões de anos, existiu sempre a figura do traidor que, nos nossos dias, é representado por Judas Iscariotes que, por fraqueza ao dinheiro, traiu Jesus Cristo, carregando até hoje o maldito castigo. Claro que a imagem atual está a anos luz do presidente Michel Temer, que passou a ser a bola da vez com a ameaça de perder a Presidência, sem dó ou piedade, pelos mesmos pecados praticados por outros políticos.
Claro que a corrupção é a destruidora da paz social, tendo que ser banida para sobrevivência da sociedade. Mas todos os pecados cometidos por Temer respondem pela atual crise ética e moral do país?
Se for afirmativo, não há que aceitar a sua permanência no destino do país. Caso contrário, o caminho não é o que se está seguindo para marginalizar o político. Tantos outros foram flagrados com pecados maiores, e o castigo projeta menor. Em artigo publicado aqui no Diário do Amapá, de 3 de dezembro de 2016, antecipei-me escrevendo sobre ‘Os pecados de Temer’, dizendo: É estranho que em um país passando por crise política recorde em sua história, com enorme desequilíbrio fiscal, soma monstruosa de desempregados, não haja, em torno do Presidente, a confiança por melhores dias para o Brasil.
Ficou nitidamente claro que após o impeachment do governo do PT, a ira extravasou para Temer ao assumir o cargo que era de Dilma Rousseff. Quando os investimentos do país começaram a mostrar avanços, naquele momento Temer tinha que ser derrotado, pois posar agora de corretamente limpo era prêmio para quem sempre usou dos mesmos hábitos, pelos quais eles também foram punidos.
As denúncias sobre Temer são deveras reais e não dá pra esconder, principalmente em quem cabe zelar pela decência. Pergunta-se: E seus acusadores estão isentos de receber iguais castigos? Defender Temer diante das evidências dos seus relacionamentos com o crime seria dar a ideia de conivência com a ilegalidade.
Mas o Presidente ocupa o lugar que todos querem, por isso o desejo de destruí-lo. No Congresso poucos parlamentares se pronunciam estranhando a atual crise brasileira, concluindo que o momento é o mais propício para o debate em torno de uma saída para o país e, não como ocorre, com discursos inflamados que mais servem para incentivar a fogueira, quando o caminho patriótico seria o planejamento, buscando soluções e, ao contrário, são pronunciamentos oriundos de figuras sem nenhum brilho no parlamento e que têm sua hora de glória pessoal, mas em prejuízo do país que vive dias amargos. Esses tipos são contra todas as medidas para conduzir o país no lugar a que tem direito.
São contra todas as reformas largamente exigidas pela sociedade e pelo tempo. São Parlamentares apagados que se gabam de ter mais décadas a serviço, não do povo, mas em seu próprio benefício. Não é intromissão usar, neste modesto artigo, a opinião do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, de que “ruim com Temer, pior sem ele”. Vale ainda lembrar o adágio ‘pior cego é aquele que não quer ver’.
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