Temer, o menos culpado
Sem recorrer à dialética que junta posição e oposição em busca da verdade, a análise mais coerente a fazer é a contradição nos deputados votantes, que usavam argumentos contrários à sua normal e costumeira tendência na busca de benefícios pessoais, de acordo com o vento favorável.
Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista
Enquadra-se em diversos ângulos de análise a votação na Câmara Federal da sessão de apuração da responsabilidade de Michel Temer acusado chefiar organização criminosa e de liderar obstrução de justiça, artigos que implicariam na sua cassação de Presidente da República, e que afinal foi rejeitada por 251 votos. Pela segunda vez Temer se garante como Chefe de Estado.
Sem recorrer à dialética que junta posição e oposição em busca da verdade, a análise mais coerente a fazer é a contradição nos deputados votantes, que usavam argumentos contrários à sua normal e costumeira tendência na busca de benefícios pessoais, de acordo com o vento favorável. Isso levou um votante a dizer que estranhava alguém da oposição indicar todos que defendiam o voto não de desonesto e irracional, porque, segundo ele, a partir do governo dito salvador é que o país conheceu de perto as mazelas que se veem hoje.
Para quem tem noção do que seja um país soberano, a reunião dos legisladores não passava de triste comédia, porque, no fundo, aquilo que se via tinha considerável culpa de quase todos eles. O petardo atirado sobre Temer deveria também atingir muitos daqueles senhores, cuja responsabilidade foi negligenciada a ponto do espetáculo servir de motivo para cada vez mais sepultar o que resta do prestígio da classe política.
Sabe-se que Michel Temer nunca foi santo. A sua convivência com os que o julgam agora foi suficiente para colocar no chão sua credibilidade de homem público e, que, por sucessivas vezes, quiseram colocá-lo no mesmo patamar que viveu no passado. Só que hoje, aí nesse ponto prevalece a racionalidade, vale distinguir o momento de ontem e o de hoje, sem revanchismo, para, juntando esforços, fazer um país sem frustrações, com prazer para o seu povo.
A cegueira em não vê nada de positivo em Temer levam os seus opositores a não entenderem que é momento de união para somar mais forças e, mesmo ainda sem sucesso, prosseguir com mais 25 pedidos de impeachment na Câmara. Pois bem, alguns personagens não enxergam, salvo sua projeção futura, sem entender que é missão do Presidente, mesmo contrariando setores, abrir caminho para passar o progresso. As violentas ofensas contra o cidadão Michel Temer, ao invés de ajudar, na verdade encurtam os caminhos para o bem. As várias reformas pretendidas pelo governo, é certo, podem afetar alguns setores, mas trazem, a longo prazo, melhoria para o país, deixando para trás o atraso no qual muitos dos que se arvoram como defensores da pátria, ao contrário, pouco ou nada contribuíram e, outra vez, se utilizam dos holofotes para aspirar novo mandato, de engano.
Ser racional não é aceitar só o que traz benefício. É conhecida a reforma da previdência, e havida como necessária por muita gente entendida, cujo maior interesse é ser útil ao país. Irracional é defender causas pessoais, insuflando quem pensa diferente. Dizem especialistas que se não houver algumas reformas o país para. Isso é motivo para os legisladores colocarem fogo nas reformas gerais, preservando a reforma política, cujo interesse é a manutenção do fundo partidário para financiamento de campanha, voto dos analfabetos, dos menores de 16 anos. Para essa gente, para que mudar? Está bom assim…
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