Artigos

Urge mudança no comportamento político

País de 517 anos de existência, o Brasil carrega ainda o peso de sua colonização, mas em compensação tem em seu seio raças misturadas que, livres da vaidade e ambição dos dirigentes nos últimos 20 anos, poderiam já ter alcançado, com disse Amado, uma nota maior.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

O secular adágio popular de que o povo tem o governo que merece retrata bem o momento da História do Brasil, onde o desejo do povo é arma subalterna ante a voracidade de forças que agem em seu desfavor. Vale a pena citar o que disse Getúlio Vargas, lembrando que “ só um povo forte, instruído e consciente das suas enormes responsabilidades poderá conduzir este vasto e riquíssimo país”. Mas a negação dos objetivos para atingir melhores resultados comuns se vê nas disputas diárias, tendo como personagens justamente o poder que poderia contribuir para a harmonia, mas se digladia, não em prol de uma nota mais alta a dignificar o país que, na visão de Jorge Amado, nunca mais morre; é imortal como o desejo do povo.

País de 517 anos de existência, o Brasil carrega ainda o peso de sua colonização, mas em compensação tem em seu seio raças misturadas que, livres da vaidade e ambição dos dirigentes nos últimos 20 anos, poderiam já ter alcançado, com disse Amado, uma nota maior.

Não é divagação a quem se propõe a estudar os caminhos variáveis da atual política de Brasília, onde o interesse do povo se submete a questões menores, tudo em defesa de cada artista em particular, buscando sempre a perpetuidade no poder. Na verdade, defender Michel Temer diante de sua fragilidade atual é correr o risco de ser parcial, pois o Presidente está pagando agora o tanto que deixou de fazer no passado, dando assim armas aos seus adversários o prazer de jogá-lo na fogueira, ressalvando, entretanto, que o fazem sem pensar no país que está em plano secundário, fixando-se só no desejo pessoal.

Temer ganhou justa ou injustamente a luta contra o Superior Tribunal Eleitoral, ação que torpedeou o prestígio do órgão, acusado de favorecimento. Agora na denúncia da JBS, novo processo vai colocá-lo, outra vez, numa camisa de força para escapar do veredicto de seus pares, alguns deles confessadamente dispostos a deixá-lo ardendo no fogo. A provável ação do procurador geral, via STF, vai chegar à Câmara e outro nervoso debate vai definir o destino do presidente. O Regimento vai lhe dar e, sem ter visão de Pitonisa, ele ganha mais essa batalha, embora a guerra continue, pois o que se busca, como seria natural, é o equilíbrio fiscal do país e a extinção da praga do desemprego.

O que alinhou no início deste artigo se repete no fim, a crise política e econômica do país foi fabricada pela incompetência e populismo que, no ver dos parlamentares, para eles é bom continuar, porque idealismo e honradez para o país passam longe de seus propósitos. As bases aliadas só convivem quando o Sol está de brigadeiro. Qualquer nuvem escurecendo o ambiente é hora de pular da canoa, que pode soçobrar e o jeito é procurar o porto onde possa sobreviver. É o flagrante caso do PSDB e do fiel PMDB, sempre ligados nos melhores momentos, dispostos a deixar Temer navegar sozinho e bater de frente com seu destino.


Deixe seu comentário


Publicidade