Cidades

A Região Norte é rota do tráfico de seres humanos

Além do aliciamento sexual, crime é praticado para remoção de órgãos e tecidos 


Na palestra que abriu oficialmente a Semana Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, em Macapá, a especialista em enfrentamento ao tráfico de pessoas, Christine Fonseca, apresentou estudos que apontam o Amapá como passagem, destino e origem do comércio ilegal de pessoas. Um levantamento da ONU mostra a Região Norte brasileira com maior número de rotas interestaduais de tráfico de seres humanos. Foram 76 identificadas pelas autoridades brasileiras. A Região Nordeste vem em segundo, com 52 rotas.

O livro “Mulheres e homens trabalhando pala paz e contra o tráfico de mulheres e a violência sexual”, publicado este ano, traz o Amapá com 52 possíveis portas de entrada e saída para estas organizações criminosas. Realizada entre os anos de 2013 e 2014, a pesquisa das autoras Vera Vieira e Clara Charf, respectivamente professora doutora da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da ONG Associação Mulheres pela Paz, abrangeu nove regiões fronteiriças do país, entre elas o Amapá. A publicação reservou um capítulo para falar sobre o tema “Macapá, a vulnerabilidade das fronteiras com o Suriname e Guiana Francesa”.

Christine Fonseca lembrou que não é apenas para a exploração sexual que crianças, adolescentes e adultos são aliciados. Há ainda outras destinações do comércio ilegal de seres humanos, como a remoção de órgãos e tecidos e a adoção ilegal de crianças. Ela também revelou que mães solteiras são um dos principais alvos, porque estão em situação de vulnerabilidade e querem sustentar os filhos.

A assistente social também apresentou um mapa mundial do tráfico, que coloca o Brasil como o maior exportador ilegal de órgãos humanos. Segundo o estudo, também da ONU, além de Estados Unidos e Israel, é nos países da Europa que são realizadas as cirurgias ilegais clandestinas para retirada dos órgãos.

Casos no Amapá
O secretário de Justiça e Segurança Pública, Gastão Calandrini, enfatizou a importância do evento ao lembrar que os 16 casos identificados no Estado nos últimos três anos colocam o Amapá nas rotas interestadual e internacional do comércio criminoso de seres humanos. Ele exemplificou ao citar duas situações registradas pelo Núcleo de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas (NETP) da Sejusp neste período.


Deixe seu comentário


Publicidade