Cidades

Amapá vive aguda desproporção de 1.040 médicos na capital e apenas 93 no interior

Dados são da Demografia Médica CFM 2024; presidente do Conselho Regional de Medicina, Eduardo Monteiro, defende criação de políticas públicas para fixar profissionais até em locais de difícil acesso


 

Douglas Lima
Editor

 

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP), Eduardo Monteiro, defendeu nesta quarta-feira, 16, a elaboração de políticas públicas para fixação de profissionais médicos no interior do estado, até mesmo em locais de difícil acesso.

 

Monteiro deu a declaração à luz da Demografia Médica CFM 2024. Ele justificou a defesa de fixação de médicos no interior, mostrando que o levantamento assinala no Amapá, por exemplo, que 92% dos médicos existentes no estado se concentram em Macapá, a capital, ficando o interior com pouquíssimos profissionais.

 

 

Segundo a Demografia Médica CFM, a quantidade de médicos no Amapá praticamente duplicou, de 2010 para cá. Naquele ano, o estado tinha 631 médicos; agora conta com 1.133. Com isso, a densidade por mil habitantes também aumentou: passou de 0,87 para 1,52 médicos por cada grupo de mil pessoas.

 

No Amapá, são 666 médicos homens e 467 mulheres. A média de idade desses profissionais é de 45,12 anos, enquanto a média do tempo de formado chega a 17,38 anos. Na distribuição pelo território, verifica-se 1.040 médicos atuando na capital, Macapá, ou seja, 92% do total, e apenas 93 no interior. A maioria dos médicos não tem Registro de Qualificação de Especialidade Médica (RQE): 615; outros 518 são especialistas (têm RQE).

 

Com mais profissionais médicos, Macapá se destaca com uma média de densidade médica sete vezes superior à registrada no interior da unidade da federação. Na capital, são 2,31 médicos para cada mil habitantes; no interior, 0,32 por mil habitantes.

 

O presidente do Conselho Regional de Medicina ressaltou que certamente a Universidade Federal do Amapá (Unifap) é fator importante nessa grande mudança no universo de médicos no estado, porque desde a criação do Curso de Medicina da instituição o número de profissionais só tem aumentado.

 

Eduardo Monteiro aponta também como causa do aumento a criação indiscriminada de escolas médicas no país, sem os mínimos critérios. Com isso, segundo ele, enquanto por um lado há aumento no número de profissionais, afeta a classe com a presença de pessoas não bem formadas.

 

Brasil

A Demografia Médica 2024 do CFM revela que nunca antes, na história, o país contou com tantos médicos como atualmente. O levantamento mostra que o Brasil tem hoje 575.930 médicos ativos, uma das maiores quantidades do mundo. O número resulta em uma proporção de aproximadamente 2,81 registros de médicos por mil habitantes, a maior já registrada pelo País.

 

Desde o início da década de 1990, a quantidade de médicos mais que quadriplicou, passando de 131.278 para a atual, registrada em janeiro de 2024. Este crescimento, impulsionado por fatores como a expansão do ensino médico e a crescente demanda por serviços de saúde, representa um aumento absoluto de 444.652 médicos e de 339%, em termos percentuais.

 

Comparando os crescimentos da população em geral e a população médica, é possível ver que o número de médicos aumentou oito vezes mais do que o da população em geral durante esse período. Em termos absolutos, a população brasileira expandiu-se de 144 milhões em 1990 para 205 milhões em 2023, conforme dados do IBGE.

 

Colaborou Elierge Paes, da Assessoria do CRM

 


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