Cidades

Bebê com cardiopatia grave não embarca para cirurgia

Vaga que estava reservada em hospital de Recife foi cancelada. Cirurgia deveria ter ocorrido na quinta-feira, 27


A transferência do bebê Carlos Henrique Katriel, que nasceu acometido de cardiopatia grave no último dia 15 de agosto na Maternidade Mãe Luzia, em Macapá, que estava prevista para acontecer nessa quinta-feira, 28, não aconteceu. Ouvido com exclusividade na manhã desta sexta-feira, 28, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), o secretário adjunto a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) Antônio Teles Júnior, explica que a viagem não foi realizada porque a vaga que estava reservada em um hospital de Recife (PE) foi cancelada.

“A logística para casos como esse é muito complexa, e a viagem só pode ser feita com a confirmação da vaga, porque temos que preservar a saúde da criança, e viajar sem a garantia de vaga em uma UTI neonatal colocaria em risco a vida da criança. Lamentavelmente temos que nos submeter ao sistema de regulação da disponibilidade de leito. Tínhamos uma vaga em Recife, mas foi cancelada. Estamos tendo contato com hospitais em vários estados, mas tem uma série de critérios. Já temos um avião com UTI em Macapá para atender o Henrique. Assim que recebermos a confirmação da vaga a viagem será feita”, explicou Teles Júnior.

De acordo com o secretário, a situação é ainda mais difícil porque mais de 90% dos municípios brasileiros não possuem UTI neonatal, mas está sendo feito pelas equipes da Sesa um mapeamento de hospitais especializados em todo o País para identificar um que possa receber de imediato o pequeno Henrique.

“Pra ter idéia do nosso empenho, estamos contatando e ao mesmo tempo enviando o prontuário do Henrique nos moldes de cada hospital contatado, e quando houver disponibilidade da vaga eles vão informar e o transportaremos de imediato. Enquanto gestor, nós estamos acompanhando de perto o sofrimento, a angústia da família, mas infelizmente apesar de todos os esforços ainda não conseguimos. Temos uma decisão judicial que nos dá 24 horas para abrigá-lo em um hospital especializado para fazer essa cirurgia; entretanto, independentemente da ordem judicial, por questão de humanidade e de responsabilidade por se tratar de uma vida estamos concentrando todos os nossos esforços para que isso aconteça o mais rapidamente possível, mas, infelizmente, não depende só da gente, nem mesmo da Justiça”.

Segundo Antônio Teles Júnior, o estado da criança está estabilizado: “Temos uma equipe médica que está cuidando dele na UTI neonatal do Hospital Mãe Luzia, e uma equipe especializada preparada para acompanhar a criança na viagem. Na realidade, são várias equipes, entre a de remoção, do TFD (Tratamento Fora de Domicílio) e assistentes sociais mobilizadas no atendimento à criança. Acredito que logo, logo, teremos um desfecho positivo para o caso”.

Pai da criança, John Souto, 24, desabafa que vive angustiado desde o nascimento do filho, por conta das dificuldades encontradas para o atendimento do filho, inclusive falta de medicamentos. Ele teme que o prolongado tempo entre o nascimento da criança e a cirurgia possa ser longo demais para preservar sua vida.

Ao anunciar a confirmação da vaga em um hospital de Recife, no início desta semana, no programa LuizMeloEntrevista, a titular da Sesa, Renilda Costa, afirmou que todas as providências já estavam sendo adotadas no que diz respeito a um atendimento prioritário para a criança: “Nós preparamos a UTI [Unidade de Terapia Intensiva] aérea; o auxílio financeiro para a mãe, que vai acompanhar no avião; e a passagem do pai, que também vai com eles, inclusive receberão esse auxílio financeiro antes da viagem, para custear as despesas enquanto o filho estiver no hospital”.

Ela informou, também, que a Maternidade Mãe Luzia possui em estoque com todos os medicamentos que o bebê precisa. (Ramon Palhares)


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