Desvio de dinheiro na Petrobras pode ser maior do que se imagi
Sobrepreço chega a R$ 648 milhões só em unidades da Abreu e Lima.
Os investigadores da Lava Jato concluíram que o prejuízo com a roubalheira na Petrobras é maior do que a própria estatal estimou. Eles analisaram as contas de uma das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
O laudo da Polícia Federal, que é o resultado de três meses de análise em extratos, movimentações financeiras e correspondências eletrônicas, aponta sobrepreço de R$ 648 milhões somente no contrato de montagem, construção, fornecimento de suprimentos e aditivos de unidades da Abreu e Lima.
Segundo os investigadores, nessa obra, o sobrepreço chegou a 16% do contrato, mais que os 3% estimados pela Petrobras e por delatores da Operação Lava Jato. Os investigadores analisaram a quantia que o consórcio da obra pagava a fornecedores e o valor que era cobrado da Petrobras. Para alguns suprimentos, o preço é 1.600% superior.
O contrato está a cargo de um consórcio liderado pela Camargo Corrêa. Os policiais federais encontraram também repasses de R$ 126 milhões do consórcio a empresas suspeitas de lavagem de dinheiro. Na lista estão 31 empresas. Entre elas, a JD – Assessoria e Consultoria, do ex-ministro José Dirceu, e a Costa Global, do ex-diretor Paulo Roberto Costa.
A JD recebeu R$ 844 mil entre maio de 2010 e fevereiro de 2011. O dinheiro foi pago pela Camargo Corrêa. A Costa Global recebeu R$ 2,8 milhões entre outubro de 2012 e dezembro de 2013.
O contrato da refinaria Abreu e Lima foi assinado em 2009, época em que Paulo Roberto era diretor da Petrobras. Um email mostra a conversa entre Paulo Roberto e um dirigente da Camargo Corrêa, confirmando que, pelo menos, parte do repasse para a Costa Global veio do contrato da refinaria Abreu e Lima.
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