Especialista ressalta benefícios do atendimento psicológico para prevenção do suicídio em mulheres com câncer
Um estudo divulgado pela Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) revelou que mulheres com diagnóstico de câncer apresentam 12 vezes mais chances de tentarem o suícidio, quando comparado a outros gêneros
Setembro é marcado pela campanha “Setembro Amarelo”, uma mobilização nacional pelo combate ao suicídio. Apesar de não ser uma condição específica de determinada classe social ou gênero, um estudo divulgado em 2018 pela Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH), alerta para um fato importante: o aumento da probabilidade de mulheres com diagnóstico de câncer tentarem o ato.
Elas apresentam 12 vezes mais chances de buscarem o suicídio, quando comparadas “à população geral”. O risco é maior para quem tem câncer de ovário ou colo do útero, ou seja, e representa “1.3 vezes maior” em comparação com outros tipos da doença.
Para o psicólogo André Romero, o “luto temporário”, que indica ausência da vitalidade e energia das pacientes durante o tratamento de quimio e radioterapia, pode ser uma das causas. “É sobre como era a vida da pessoa antes da doença. Trata-se de algo que poderiam realizar hoje e não podem mais por causa do envelhecimento dos músculos, fraqueza e da limitação física. O combate ao câncer é muito agressivo e deixa pessoas debilitadas física e emocionalmente”, ressalta.
O especialista afirma que o atendimento psicológico é fundamental nesse período, porque auxilia na retomada da autoestima e proporciona mais qualidade de vida. É uma ferramenta de enfrentamento ao medo da doença e da sociedade. “Preparar a mente para quimio e radioterapia traz mecanismos de defesa como a positividade, coragem, autoestima e, principalmente, promoção em saúde e combate ao suicídio”, explica.
Durante a terapia é possível trabalhar o luto por meio da “elaboração das perdas”, bem como expressar sentimentos, sem medo de julgamentos ou do chamado “olhar de pena”. O acompanhamento permite vivenciar o processo de maneira mais leve e investir em outras condições de vida mais adequadas.
Nesse período, o acolhimento dos familiares e amigos é fundamental. A falta das pessoas próximas, segundo Romero, acelera o adoecimento e traz mais pesar. “O amor é fonte de cura. A mulher necessita do colo, acolhimento e de alguém que possa escutar mais do que falar. Ela precisa vivenciar com calma tudo que acontece. Nem todas têm esse suporte. Em caso de ausência, devem buscar redes de apoio, como rodas de terapias comunitárias voluntárias”.
O especialista manifesta a importância do médico adquirir “delicadeza profissional” ao revelar o diagnóstico. Isso envolve informar o que acontece, explicar os detalhes que ocorrerão na vida da paciente e dizer o que precisa ser feito momentaneamente.
“Quanto mais explicações e informações, aliadas à fala delicada e cuidadosa, com certeza o impacto será menor. Contudo, não há como não haver um impacto. A mulher vai sentir. Portanto, a psicoterapia é muito positiva em relação à prevenção ao suicídio”, finaliza André Romero.
Todas as etapas devem ser descritas, como: não omitir que a quimioterapia é invasiva; explicar os efeitos colaterais dos medicamentos, bem como explanar outras possibilidades que podem ou não acontecer.
Centro de Valorização da Vida
O Centro de Valorização da Vida (CVV) proporciona apoio emocional e prevenção do suicídio. O serviço atende pessoas de todo o Brasil, de maneira gratuita, com sigilo e anonimato. Pelo número 188, voluntários conversam e prestam apoio. A ligação é gratuita e disponível 24 horas por dia.
Deixe seu comentário
Publicidade