Cidades

GEA deve normatizar a criação de jacaré em cativeiro

A criação de jacarés em cativeiro deverá ser liberada, em breve, no Amapá.


A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) estuda uma minuta de licenciamento ambiental para a legalização da atividade no Estado.
 
A proposta é normatizar a criação do animal silvestre em cativeiro, para consumo e fins comerciais, através da portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
 
Na terça-feira, dia 19, o secretário de Estado do Meio Ambiente, Marcelo Creão, acompanhado por técnicos e analistas ambientais, visitou a comunidade de São Raimundo, conhecida como Vila Pimentel, às margens do Rio Mutuacá, em Mazagão, para discutir a legalização no local.
 
Uma nova reunião já está agendada para o próximo dia 31 de janeiro, com outras comunidades de Mazagão, quando serão discutidas regras para disciplinar a atividade.
 
O jacaré é um animal silvestre, protegido por lei e sua caça predatória é proibida no Brasil. No entanto, a criação em cativeiro é uma estratégia para garantir a preservação dos animais, evitando que esse tipo de réptil entre em extinção, com a caça ilegal.
 
Há 30 anos, o animal era encontrado facilmente em diversas localidades do Amapá. Hoje, essa não é mais uma realidade. “Houve uma redução da taxa populacional do jacaré na natureza”, disse Creão.
 
Outra estratégia com a criação dos animais em cativeiro, segundo o secretário, é evitar o desmatamento. “Quanto mais o animal for protegido, menor será o índice de caça e por consequência, menor o desmatamento da Amazônia”, reflete.
 
Para legalizar a atividade, as comunidades interessadas em manter o cativeiro deverão atender uma série de exigências, pré-estabelecidas pela Sema e Ibama como a devolução à natureza de 5% a 10% de cada ninhada.
 
Além disso, os tanques de cativeiro terão padronizações de instalação, que deverão abrigar um animal para cada 3 metros, totalizando 10 filhotes de até 40 centímetros. O tempo de permanência no criadouro varia de 2 a 3 anos e o abate ocorre quando o animal apresenta um tamanho mínimo de 90 centímetros.
 
A segurança dos tanques, o transporte, o controle de temperatura, os cuidados alimentares, higienização, criação e abatimento também deverão ser controlados. Para isso, uma equipe de técnicos da Sema ficará responsável em acompanhar os criadores desde a coleta dos animais, instalação dos tanques, até visita monitorada e avaliação de dois em dois meses.
 
O secretário explica que os primeiros filhotes serão capturados na natureza para a formação do primeiro plantel. “Eventualmente, após algum período, poderá ocorrer nova coleta da natureza, para garantir novas genéticas”.
 
Economicamente, a criação de jacaré também será importante para o Estado do Amapá. O Animal produz couro de excelente qualidade e de alto valor comercial, que pode ser usado na confecção de bolsas, sapatos, capas de agendas e pulseiras de relógios. A carne também é bastante utilizada na culinária. “A exemplo de outros estados, que já adotaram a criação de jacarés em cativeiros, essa é uma oportunidade do Amapá fornecer a carne para o mercado nacional e internacional”, afirma Creão.
 
O ribeirinho Lourival dos Santos Pimentel, morador da comunidade de São Raimundo, enxerga, na liberação da atividade, uma nova fonte de renda e também de alimentação para a família. Durante a visita dos profissionais da Sema, Pimentel mostrou com otimismo a área que poderá abrigar o tanque, dentro da comunidade. “Nós, assim como moradores de outras comunidades, temos interesse na criação. Mas queremos trabalhar honestamente, de forma legalizada e correta”, diz.

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